Essa semana comemoramos o dia das Mães. Quantas foram aquelas que, tendo filhos biológicos ou não, puderam deixar conhecimento e tecnologia para a agricultura que temos hoje?
Ganhar um prêmio Nobel é tido como um dos maiores reconhecimentos existentes na humanidade. Marie Curie ganhou dois. A cientista polonesa foi a primeira mulher a ganhar dois prêmios Nobel na área de Física e outro na área de Química. Em 1911, Marie Curie fez grandes avanços no estudo da radioatividade e até hoje seus conhecimentos são utilizados nas áreas citadas.
No setor agronômico também tivemos a participação de grandes mulheres (muitas delas mães) que foram protagonistas de avanços científicos importantes. Entre elas, podemos citar Johanna Döbereiner, a mulher que revolucionou a agricultura, posicionando o Brasil em segundo lugar no ranking de produção mundial de soja (atrás apenas dos Estados Unidos). A cientista percebeu que a fixação biológica de nitrogênio, realizada por bactérias específicas, poderia substituir o uso de fertilizantes minerais na cultura da soja. Esses estudos resultaram numa economia anual de cerca de 1 bilhão de dólares/ano para a economia brasileira, tornando a soja mais barata e competitiva no mercado internacional.
Lembro também de Ana Maria Primavesi. Engenheira agrônoma entusiasta da agricultura ecológica. Ana contribuiu com a ideia de que o solo é um organismo vivo e que precisa ser manejado de maneira correta. Veridiana Victoria Rossetti foi outro nome significativo na agricultura. Mais especificamente na citricultura brasileira. Victoria foi a primeira cientista a descobrir e a manejar as doenças que atingiam os laranjais de São Paulo, até então desconhecidas em sua época. Se hoje o Brasil é o maior exportador de laranja do mundo, isso se deve em grande parte aos experimentos científicos e a dedicação de Victoria Rosseti. (Ver vídeo ao final)
As histórias de outras mulheres poderiam ser citadas, como: Rosalind Franklin, Leila Macedo e Barbara McClintock. No entanto, a intenção desse texto é fazer com que todos percebam que a participação das mulheres na agricultura foi e ainda é essencial em nossos tempos. As várias habilidades que possuímos não nos foram dadas à toa. Por este motivo, é preciso que nós, mulheres, continuemos a mostrar o nosso valor e essencialidade. A mulher precisa investir em conhecimento. Cursos de ensino superior, cursos de informática, inglês, mecânica, por que não? O profissionalismo em áreas específicas pode permitir que alguns dos espaços hoje ocupados em grande parte por homens, sejam compartilhados por mulheres também.
Algumas dessas mulheres excepcionais não experimentaram a maternidade. Mas isso, em nenhum momento, as deixa em desvantagem. Quantos outros “filhos” essas mulheres ensinaram com sua dedicação, responsabilidade e empenho? Quantos “irmãos” (por partilhar o conhecimento) nós fizemos com o patrimônio gerado por essas pesquisadoras?
Ève Currie e Carin Primavesi Silveira podem ser citadas como filhas daquelas que geraram filhos biológicos. Quanto conhecimento em tantas áreas diversas construíram e ainda constroem uma sociedade de valor?
Assim como essas mulheres fizeram história nas diversas épocas em que viveram, nós também, mulheres/mães podemos fazer diferença em nosso meio. Isso começa com respeito, valorização da mulher nos mais diversos espaços e com incentivo de todos aqueles que convivem ao nosso redor.