De grão em grão, a galinha sobra no prato
No dia 15 de outubro é comemorado o dia de Combate ao Desperdício de Alimentos. Houve gente que nem ouviu falar que existia um dia desses. Isso normalmente acontece porque não é importante pensar em restos de comida. Aliás, o importante é que tem comida no prato.
Por que falar de Dia de Combate ao Desperdício numa coluna do Ligado no Campo? Porque esse aparente inofensivo “resto de comida” é responsável por mais de 26 milhões de toneladas de alimentos jogados fora por ano. Isso representa aproximadamente 1/3 de toda comida produzida para o consumo humano.
Aqui no Brasil, cada família desperdiça por dia cerca de 353 g de alimentos, ou seja, em média, 128,8 kg de comida por ano. Dos alimentos desperdiçados, o arroz e o feijão, base da alimentação brasileira, são os tristes campeões dessa lista. A carne e o frango vêm em seguida.
O mais angustiante é saber que todo esse alimento que vai direto para o lixo poderia alimentar mais de 11 milhões de pessoas. Isso sim é uma verdade inconveniente que deveria causar indigestão em quem coloca no prato comida além do necessário.
A questão não para por aí. Para produzir esses “restos de comida” são gastos os recursos naturais que possuímos. Água, solo, inimigos naturais. Além disso, acabamos contribuindo para o uso de mais agrotóxicos no solo e o desperdício no uso de combustível e fertilizantes, que são utilizados para produzir esse “ah! É só um restinho”.
Se esses excessos no prato não forem para uma composteira (o que quase sempre acontece), o destino deles é o lixo comum. Em alguns países, algumas iniciativas têm usado o desperdício de alimentos para gerar economia, lucro. No entanto, no Brasil a questão se arrasta em poucas iniciativas positivas, como o Fruta Imperfeita, por exemplo. Em São Paulo, frutas e legumes rejeitados devido ao tamanho desuniforme ou aparência “feia” para a comercialização, hoje chegam ao consumidor com descontos de até 50%. Outras empresas têm gerando energia sustentável em escala industrial, a partir de restos orgânicos descartados pelas famílias e indústria alimentícia. Mas isso é assunto para outro post. Enquanto isso, durante suas refeições, lembre-se do que mamãe dizia.