Sabia que a construção de moinhos são tão tecnologia quanto a agricultura 4.0? Cada uma a seu tempo...
Na última semana, mais precisamente entre os dias 10 a 19 de maio, aconteceu a 55º Expoagro em Dourados. O evento, considerado uma das maiores feiras agropecuárias da região focou fortemente na necessidade de adoção de mais tecnologias no campo. Mais tecnologia, quer dizer mais investimentos, que por sua vez reflete no bolso do agricultor. Será que toda essa tecnologia investida está realmente trazendo retorno econômico para o produtor? A denominada Agricultura 4.0 promete aumento de produtividade, redução de tempo e de custos e segurança alimentar. No entanto, a simples adoção de novas tecnologias vão resultar em todas essas vantagens?
A palavra tecnologia, de origem grega, é composta por tekne (“técnica ou arte”) e por logos (“conjunto de saberes”), podendo ser entendida como um conjunto de técnicas ou de conhecimentos que objetivam aperfeiçoar algum processo, de maneira a atender alguma necessidade humana. Outra questão interessante é que o conceito de tecnologia pode variar conforme a época em que está sendo considerada. Por exemplo, nos primórdios da agricultura tecnologia era ter um moinho para moer e consumir cereais ou ainda atear fogo em uma área para liberar nutrientes da biomassa vegetal.
Hoje em dia, tecnologia é ter um trator guiado por GPS para semeadura, o qual está conectado a um smartphone ou computador que por meio de um clique mostra na tela quais as áreas que precisam receber maior deposição de adubos. Ou ter um drone que permite um monitoramento aéreo em tempo real durante a colheita ou ainda ter sensores nas lavouras que indiquem condições de solo, vegetação e da atmosfera. A ideia é que os maquinários sejam a força física do produtor e os sensores, seus olhos e mãos.
No entanto, o benefício de todas essas tecnologias só será possível se o investimento for também em cursos de aperfeiçoamento da mão de obra que trabalha diretamente com esses recursos. O conhecimento deve ser a base que sustenta o ganho financeiro do agricultor. Além disso, ele está relacionado a inovação. Mas isso não quer dizer que o conhecimento de senso comum seja menos importante. Pelo contrário, o sucesso é construído como uma parede onde os tijolos podem ser as experiências vividas e o cimento o aprendizado científico.
A expoagro contou com a presença de diversos especialistas na área agricultura e muitos temas puderam ser discutidos, desde a apresentação dos resultados safra 2018/2019, a realização do I Seminário de Agricultura Familiar, palestras sobre direito e o agronegócio, dia de campo sobre hortaliças em hidroponia, adubação verde e cultivo de Citrus e açaí. Conhecimento e inovação. A agricultura 4.0 só trará os benefícios se houver capacitação pessoal e conscientização de que investir em cursos não é perda de tempo.
E na sua propriedade o conhecimento é o elemento que movimenta seus negócios? Ou ainda se faz o que seus antepassados sempre fizeram com as mesmas ferramentas e da mesma maneira? Lembre-se que na época deles o conceito de tecnologia era um. No seu tempo é outro.
“O grande triunfo do agricultor brasileiro está no conhecimento. Está em saber avaliar o ambiente, compreender o contexto e conhecer as alternativas de uso adequado”. (Eliseu Alves-1930)