Vamos conversar sobre isso?
Estudos mostram que o consumidor está cada dia mais interessado na maneira como os alimentos foram produzidos. Algumas das perguntas daqueles interessados com a saúde e bem-estar são: Como o animal foi abatido? Esse alimento foi conduzido sob práticas de uma agricultura consciente com o meio ambiente? Teve ou não aplicação de agrotóxicos?
Dessas, a última pergunta tem sido tema de intensas discussões por todo o país. São extensas e inúmeras as reportagens em canal de televisão aberto, contrários ao uso de agrotóxicos e milhares de sites na internet incentivando a sua aplicação. Com isso a polarização do assunto criou dois grandes grupos: esses que condenam o uso de agrotóxicos para produção de alimentos e aqueles que apoiam o uso de maneira indiscriminada.
Vale ressaltar que, hoje em dia o importante não é apenas produzir, mas produzir com responsabilidade. Nós, produtores rurais e profissionais da área (sejam técnicos ou engenheiros agrônomos), temos a responsabilidade de elevar, até 2050, a produtividade das principais culturas que alimentam o planeta, sem, contudo, aumentar a área plantada. Essa é a necessidade se queremos de fato, viver em paz e bem alimentados, com uma estimativa de mais de 9 bilhões de pessoas para 2050.
Sendo assim, se hoje o Brasil se apresenta como um dos maiores produtores de soja e milho, isso se deve, principalmente, as várias tecnologias implementadas no campo, como o uso de cultivares melhoradas, correção e fertilidade do solo e também da aplicação de produtos químicos, seja para o controle de pragas, doenças ou plantas invasoras.
Quer seja no agronegócio ou na agricultura familiar, a aplicação de agrotóxicos é uma ferramenta útil para o incremento da produtividade. No entanto, o seu uso deve ser feito de maneira racional. A aplicação deve ser realizada sob uma série de fatores a serem considerados, como: velocidade do vento abaixo de 10 km/h durante a aplicação, evitar aplicar pouco antes da chuva, uso de equipamento de proteção individual, escolha correta do tipo de ponta de pulverização, entre outros.
É fato que o uso indiscriminado de agrotóxicos realmente pode matar. Mas uma determinada planta sob estresse, em sistema orgânico, também pode produzir compostos tóxicos para o ser humano. Assim, como existem relatos no Paraná de que é possível realizar o Sistema de Plantio Direto sem o uso de herbicidas, também existem tecnologias que permitam aplicação pontual de herbicidas apenas nos locais necessários (Assista o vídeo no final).
Assim, como na vida, tudo deve ser feito com equilíbrio e sem extremismos. Nem só vegano, nem só carnívoro. Na agricultura não deve ser diferente. Finalizo com a frase de Paracelsus, sábio médico suíço da Idade Média: “Todas as substâncias são venenosas. O que diferencia um veneno de um remédio é apenas a dose”.