A agricultura e a pandemia do coronavírus – Parte 2

O nosso país está polarizado na internet. Digo na internet porque na realidade o campo continua produzindo apesar do COVID-19, das manifestações e da política. Como se não bastasse, ressurge ainda um velho embate entre o agronegócio e a agricultura familiar.

Ambos os termos surgiram por volta da década de 90. Para alguns pesquisadores, o termo agronegócio daria a ideia de alta tecnificação no campo, desmatamento, altos rendimentos e exportação. Do lado contrário viria a agricultura familiar. De pequena produção, baixa produtividade e voltado para o autoconsumo e/ou subsistência.

Isso não é verdade. FAKENEWS, como tanto se fala hoje! A agricultura é uma só. Composta por pequenos e grandes produtores. Caracterizados por uma estrutura de negócio que passa de pais e mães para filhos e filhas. Existem milhares de pequenos produtores no Sul do país integrados as mais diversas cadeias produtivas (lácteos, grãos e carnes). Esses, organizados em cooperativas, por exemplo, comercializam tanto dentro como fora do país. Por outro lado, existem grandes propriedades que não tem produção expressiva no agronegócio e grandes empresas de produtos agrícolas que investem pesado em agricultura de precisão.

Duas palavras são essenciais para qualquer atividade: Gestão e eficiência. Isso traduz o que é o agronegócio. Um outro exemplo disso é que o Brasil começa a exportar castanha de baru para a Coréia do Sul. O crescente comércio dessa castanha está dando visibilidade a centenas de pequenos produtores de comunidades tradicionais dos estados de Goiás e Tocantins. Coletores e extrativistas que ainda promovem o manejo sustentável do Cerrado.

É a agricultura impulsionando a economia nacional, sendo o único setor que cresceu em meio a pandemia do coronavírus. Quem recebe os parabéns? São os produtores que se empenharam em fazer um melhor uso da terra, os profissionais que usaram seus conhecimentos e a você, consumidor que acredita que aquilo que nos une é maior do que as nossas diferenças. Somos um só povo.