Fany Carolina Chávez, de 36 anos, raptada de sua casa na noite de segunda-feira (24/7), no bairro Santa Ana, em Pedro Juan Caballero, por homens armados e encapuzados, e encontrada morta na manhã desta terça (25/7), no Defensores del Chaco, periferia da cidade, era dona da ‘boca de fumo’, onde a menina Luz Maida, de três anos, foi trocada pela própria mãe por pedras de crack e 100 mil guaranis.
O caso aconteceu em abril deste ano e chocou a fronteira. (Relembre o caso no final da matéria).
De acordo com informações apuradas pela reportagem do Ponta Porã News, Fany foi torturada e depois assassinada com seis golpes de faca, sendo cinco na cabeça e um no rosto.
À Polícia Nacional, uma testemunha contou que os criminosos chegaram a bordo de uma caminhonete Toyota Hilux e invadiram a residência de Fany por volta das 19h30 de ontem.
Ela tentou se esconder, mas foi detida e arrastada pelo cabelo por um deles e colocada dentro do veículo que tomou rumo ignorado. Outro detalhe desta ocorrência é que, segundo o relato da testemunha, os três homens conversam em português, dando a entender que podem ser brasileiros.
O caso
A menina de apenas três anos foi encontrada por populares, já morta na tarde do dia 22 de abril, na região do bairro Romero Kue, em Pedro Juan Caballero. Ela estava desaparecida desde a madrugada do dia 21 (sexta-feira), e era procurada por um grupo de moradores.
O corpo da criança estava sobre uma cama em uma residência abandonada, como se estivesse dormindo, inclusive com a chupeta na boca.
Ao longo das investigações, foi desvendado que a menina foi trocada pela própria mãe na ‘boca de fumo’ de Fany por 30 doses de crack e a quantia de 100 mil guaranis.
A casa da mãe chegou a ser incendida na época dos fatos devido à revolta dos vizinhos diante do caso.
Consta que a mãe da criança, Aurelia Salinas, paraguaia de 42 anos, moradora no Assentamento Setor Romero Kue II, presa ainda na sexta-feira, entregou a filha para um adulto. Outra filha da mulher, de apenas 12 anos, vive maritalmente com um homem de 32.
Foram presos na época a Aurelia, Jorgelino Guanes Benitez, de 28 anos, Miguel Angel Lopez Figueiredo e Rocio E. Lopez Figueredo, de 23, com mandado de prisão por desde 2016.
O caso começou ser investigado pela Polícia Nacional quando Aurelia denunciou que estava dormindo com seus filhos e em um determinado momento, a filha Luz acordou com fome, então foi até a casa de seu companheiro, que é seu vizinho, para trazer comida para a criança. Quando voltou após aproximadamente cinco minutos, não encontrou mais a filha, então saiu a procurando no bairro.
Continuando as investigações, policiais do Departamento efetuaram a apreensão das pessoas, por instrução do Procurador do caso, José Luís Torres.
Morta e abusada na frente da mãe
Depois que um homem de 28 e outro de 32 anos foram presos por envolvimento na morte da pequena Luz, a polícia paraguaia descobriu que a menina foi abusada na frente da mãe e depois assistiu ao assassinato da filha.
Aos agentes paraguaios o suspeito revelou que estava no local com mais três pessoas e que a mãe da menina estava completamente drogada. Segundo ele, como o entorpecente acabou, ela queria continuar o uso e por isso trocou a filha.
Segundo informações confirmadas pelo comissário Cesar Casco, chefe da Investigação Criminal da Polícia Nacional, após a ‘venda’, as quatro pessoas que estavam no local inclusive, a mãe, foram para uma casa abandonada, onde os homens passaram a judiar da menina até a morte.
Ainda segundo o depoimento do suspeito, a mãe da vítima voltou à sua casa para buscar um balde com água para dar banho na menina. Segundo o depoimento dessa testemunha, mesmo sob efeito de drogas, eles tentaram apagar qualquer tipo de evidência sobre o ocorrido.
Conforme relatos, o homem de 32 anos vivia "irregularmente em concubinato" há dois anos com a irmã de 12 anos da vítima. A partir do mento em que o crime ganhou repercussão, ele fugiu, mas acabou capturado pelos agentes da Polícia Nacional.
Histórico de drogas e abusos
Outros três irmãos da menina vão ficar sob a guarda da Defensoría da Criança, uma espécie de Conselho Tutelar do Brasil, segundo o promotor José Luis Torres, responsável pelas investigações da Polícia Paraguaia.
Enquanto acontecia o velório de Luz Maida, de apenas 3 anos, a polícia paraguaia conseguiu resgatar a irmã dela, de 12, que morava com um homem de 30, em Pedro Juan Caballero, divisa com Ponta Porã. Ela foi estuprada pelo padrasto e também foi entregue pela própria mãe, que é usuária, em troca de drogas.
Segundo informações apuradas até o momento, a menina de 12 anos, irmã da menina de três anos encontrada morta com sinais de abuso sexual, convivia desde os dez anos com um adulto, que era procurado pela Justiça. O resgate foi determinado pelo juiz da Infância e Adolescência, Elvio Insfrán.
“Como são meninas, não há nenhum tipo de consentimento. Eles foram entregues de forma irregular, levando em consideração a idade deles, e não era adequado”, disse o magistrado paraguaio em entrevista a uma emissora de rádio de Pedro Juan.
Luz Maida foi morta após ser vendida por drogas pela própria mãe, na cidade de Pedro Juan Caballero, na fronteira paraguaia com Ponta Porã, a 346 quilômetros de Campo Grande, já havia sido resgatada de uma boca de fumo, junto ao irmão, de 6 anos, dois meses antes. Ela era a caçula de sete irmãos.
A menina de 3 anos foi resgatada pela polícia do Paraguai, junto ao segundo mais novo, de 6 anos, há dois meses. Na época a mãe já tinha sido encontrada no local consumindo crack com outros usuários de drogas.
Tragédia familiar
A família possui histórico de tragédias, segundo autoridades paraguaias que acompanharam o caso. A menina era a caçula e os outros filhos da mulher – que teve a prisão preventiva pedida pela promotora pública de Pedro Juan após ser presa em flagrante – têm seis, dez, 12, 20, 22 e 25 anos.
A jovem de 22 anos chegou a ficar responsável pela menina de três e o garoto de seis após a mãe ser encontrada com os dois na ‘boca de fumo’. Entretanto, ela ‘devolveu’ os irmãos porque já cuidava do próprio filho e do sobrinho, de cinco anos, com quem teve que ficar após a irmã, de 20, ser presa.
A família segundo a mídia do país vizinha vivia em situação de extrema pobreza.
A avó da criança – mãe da menina de três anos – teria ‘negociado’ a neta, assim como negociou a filha por 30 pedras de crack.
O outro irmão, de dez, também estaria causando problemas na vizinhança devido aos roubos que fazia para comprar crack junto à mãe. O jovem de 25 anos também possui passagens pela polícia. Já a garota de 12 anos era casada com um homem de 30.
Aurelia Salinas teve a prisão preventiva decretada e foi indiciada pelo homicídio da filha caçula e também por abuso sexual infantil e violação do dever de cuidar da filha, conforme decisão do procurador José Luis Torres Peña. Ele também já solicitou a tutela dos irmãos mais novos.
Enquanto ocorria o velório de Luz Maida, na segunda-feira (24), a polícia paraguaia conseguiu resgatar a irmã dela, de 12 anos, que morava com o homem de 32. Além disso, a adolescente já teria sido estuprada pelo padrasto e também foi entregue pela própria mãe, que é usuária, em troca de drogas.
‘Boca de fumo’ incendiada
Mais de 300 moradores do bairro Romero Cué, em Pedro Juan Caballero, cidade localizada na fronteira com Ponta Porã, invadiram a residência onde funcionava a ‘boca de fumo’ e colocaram fogo no local.