A eleição de Estevão Petrallás como novo presidente da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) nesta terça-feira (8) consolidou não apenas uma mudança na liderança local, mas também a continuidade de uma relação política com o comando do futebol nacional. Aliado de longa data de Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Petrallás assume a entidade estadual sob o signo do alinhamento direto com a gestão que comanda o futebol brasileiro.
Petrallás não esconde sua proximidade com Rodrigues, a quem já elogiou publicamente em eventos da CBF e em reuniões do Conselho Técnico das Federações. A ligação entre ambos tem implicações diretas na forma como a FFMS se posiciona dentro do cenário nacional: o Mato Grosso do Sul, mesmo com pouca representatividade em competições nacionais, tem votado com frequência ao lado da presidência da CBF em decisões que envolvem interesses políticos internos da entidade máxima do futebol brasileiro.
A eleição de Petrallás também foi marcada por articulação nos bastidores. Ainda que seis candidatos tenham concorrido, a rápida apuração e a vitória com apoio dos clubes profissionais da primeira divisão indicam que havia uma candidatura já previamente alinhada com os principais interesses institucionais. A diferença no peso dos votos – que favorece clubes da elite local – reforça o controle das decisões por parte de um grupo restrito, que se beneficia da estrutura atual e mantém a política da federação centralizada.
Esse modelo, que privilegia o relacionamento político em detrimento de investimentos estruturais, tem reflexo direto no desempenho do futebol sul-mato-grossense. O estado não conta com representantes nas principais divisões do Campeonato Brasileiro e tem clubes com dificuldade de financiamento, formação de base e manutenção de calendário competitivo. Desde então, a FFMS tem figurado como coadjuvante nas decisões técnicas e estruturais do futebol nacional.
O discurso de renovação adotado por Petrallás contrasta com sua trajetória, marcada por passagens em cargos administrativos ligados à gestão anterior da FFMS. Aos 65 anos, ele retorna ao centro do poder local após anos de afastamento da linha de frente, mas carrega um histórico político de apoio às lideranças da CBF, incluindo o próprio Ednaldo Rodrigues e nomes de gestões passadas.
A eleição, portanto, representa mais uma movimentação dentro do xadrez político do futebol brasileiro, onde alianças regionais sustentam o poder centralizado da CBF, em troca de cargos, repasses e visibilidade institucional. Para os clubes e atletas do Mato Grosso do Sul, resta a expectativa de que essa proximidade possa finalmente se converter em projetos concretos — e não apenas em manutenção de poder.
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