A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou ao centro das polêmicas nesta quarta-feira (26), com a reeleição de Ednaldo Rodrigues para mais um mandato na presidência da entidade e com a derrota vergonhosa do Brasil para a Argentina, pelas eliminatórias da Copa 2026. Em um processo eleitoral marcado por falta de transparência, articulações de bastidores e questionamentos sobre a legitimidade do pleito, a permanência do dirigente evidencia a fragilidade institucional do futebol brasileiro e a incapacidade da entidade de promover mudanças estruturais.
Desde que assumiu a presidência em 2022, Ednaldo Rodrigues se colocou como o responsável por reconstruir a CBF após os escândalos envolvendo seus antecessores. No entanto, o que se viu nos últimos anos foi uma gestão marcada por decisões questionáveis, uma relação conturbada com clubes e federações e uma condução administrativa distante da modernização necessária ao futebol nacional.
A eleição desta segunda-feira (24) repetiu o roteiro de outros pleitos na CBF: manobras políticas garantiram a continuidade do grupo que já controla a entidade há décadas. O colégio eleitoral, formado majoritariamente por federações estaduais alinhadas ao atual presidente, garantiu a vitória de Ednaldo sem que houvesse um real debate sobre propostas de mudança na administração do futebol brasileiro.
Além disso, a falta de transparência na condução do processo eleitoral levanta questionamentos sobre a legitimidade da eleição. Dirigentes de clubes, que deveriam ter um peso maior na decisão, tiveram sua influência reduzida, mantendo o poder concentrado nas mãos das federações estaduais, muitas das quais sem qualquer compromisso real com o desenvolvimento do futebol.
A reeleição de Ednaldo Rodrigues representa a continuidade de uma gestão que falhou em diversos aspectos cruciais. Nos últimos anos, a CBF acumulou decisões equivocadas, como a demora na escolha de um técnico para a Seleção Brasileira, a falta de um projeto esportivo claro e o distanciamento dos clubes na discussão de um calendário mais equilibrado para o futebol nacional.
O enfraquecimento da Seleção Brasileira é um reflexo direto dessa falta de planejamento. O Brasil chegou ao ano de 2025 sem um trabalho sólido na equipe principal, convivendo com mudanças frequentes de comando e sem perspectivas de evolução. O desempenho nas Eliminatórias para a Copa do Mundo é preocupante, e a CBF parece incapaz de apresentar um projeto que reconduza a equipe ao protagonismo mundial.
Outro ponto crítico da gestão Ednaldo Rodrigues é a condução do futebol feminino. Apesar dos avanços recentes na modalidade, a CBF pouco contribuiu para o fortalecimento da estrutura da categoria no Brasil, deixando a cargo dos clubes a responsabilidade por desenvolver o futebol feminino sem oferecer suporte adequado.
Além disso, as promessas de transparência e modernização feitas pelo presidente não se concretizaram. A CBF segue sendo uma entidade fechada, sem prestação de contas eficiente e com pouca participação de agentes fundamentais para a evolução do futebol nacional.
Gestão como a do Ednaldo Rodrigues reforça a sensação de que a CBF continua sendo um espaço dominado por interesses políticos e distante das reais necessidades do futebol brasileiro. Enquanto outras confederações pelo mundo investem em governança, profissionalização e inovação, a entidade máxima do futebol brasileiro insiste em um modelo ultrapassado e que pouco dialoga com a realidade atual do esporte.
Sem mudanças estruturais, a Seleção Brasileira corre o risco de perder ainda mais espaço no cenário internacional, os clubes seguirão prejudicados por um calendário caótico e o futebol feminino continuará dependendo da boa vontade das equipes que investem na modalidade.
A continuidade de Ednaldo Rodrigues no comando da CBF representa mais do que uma simples reeleição: é a perpetuação de um modelo de gestão que há anos emperra o desenvolvimento do futebol brasileiro e afasta o país da vanguarda do esporte mundial.