A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) divulgou, na última quinta-feira (15), os números do fechamento da safra 2021/2022 e uma atualização da projeção 2022/2023 que já começou a ser plantada no Brasil.
A produção totalizou 2,5 milhões de toneladas, alta de 5,8% com relação à safra passada. O aumento é resultado da recuperação de 19,4% na área plantada e queda de 11,4% na produtividade, devido a desafios climáticos, com relação à safra anterior.
O processo de beneficiamento, que consiste na separação do caroço e da fibra, e as análise da qualidade do algodão (HVI), estão na fase final, no Brasil. Os dados foram divulgados durante reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, no último encontro do ano, que reuniu representantes do setor, em sessão virtual.
Apesar do crescimento sobre a safra 2020/21, a previsão ficou abaixo das estimativas iniciais, devido às intempéries climáticas que atingiram as regiões produtoras de maneira diferenciada, com chuvas excessivas ou seca. Os prognósticos iniciais do setor eram colher 2,8 milhões de toneladas da fibra.
Para Júlio Busato, que preside a Câmara setorial e comanda a Abrapa, o setor vem crescendo a cada ano e, assim, caminhará para melhor atender o mercado interno e externo com o algodão brasileiro. “Infelizmente, em um momento em que o mundo quer mais o nosso algodão, tivemos essa questão climática que impactou nas lavouras”, salientou ele.
Para 2022/23, a área plantada de algodão deverá subir 1,3%, totalizando 1,657 milhão de hectare. A produção é projetada em 2,94 milhões de toneladas, uma variação de 17,6% ante a safra 2021/22. A recuperação da produtividade é o principal fator de aumento esperado para a produção.
Mercado internacional do algodão
As exportações são estimadas em 1,8 milhão de toneladas e o consumo doméstico em 737 mil toneladas no calendário comercial 2022/23. No acumulado de agosto a novembro de 2022, 43% da projeção de exportação foi atendida e 33% do consumo doméstico.
O Brasil exportou 268,6 mil toneladas em novembro de 2022, totalizando uma receita de US$ 526,1 milhões. O volume foi 61,5% superior ao registrado no mesmo mês de 2021, e a receita 81,4% maior em dólares recebidos do mercado externo. Novembro é o quarto mês do calendário de exportação 22/23.
O maior importador do algodão brasileiro foi a China, com participação de 35% do total embarcado. Paquistão, Vietnã, Bangladesh e Turquia completam a lista dos cinco maiores importadores da pluma. Paquistão foi o país que mais comprou do Brasil, somando 41,8 mil toneladas embarcadas a mais do que em novembro de 2021.
Os presidentes da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção, Fernando Pimentel, e da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Miguel Faus, participaram da reunião e apresentaram os prognósticos das respectivas entidades. Para Pimentel, não foi um ano positivo para o setor doméstico, devido a diferentes fatores, entre os quais: recessão mundial, baixa margem da indústria, inflação interna e externa corroendo o poder de compra do consumidor.
Para 2023, as projeções são mais animadoras com crescimento. Faus, apresentou as estatísticas sobre a exportação da pluma brasileira em 2022 e comentou sobre a logística nacional internacional.