Ontem (2), ocorreu o seminário sobre o tratamento de usuários químicos, na Câmara Municipal de Dourados. O evento tratou do tema “A Rede Intersetorial de Atendimento para Dependentes Químicos e a Importância do Trabalho das Comunidades Terapêuticas”.
Das 8h às 13h, foram ministradas duas palestras sobre o assunto. A primeira, proferida por Bárbara Cristina Rodrigues, teve o objetivo de apresentar o trabalho desenvolvido em Campo Grande para o tratamento de dependentes químicos e que pode ser modelo para Dourados.
Durante a palestra, ela abordou sobre o PAIC (Programa de Ação Integrada e Continuada) e a Coprad (Coordenadoria de Proteção à População em Situação de Rua e Políticas Sobre Drogas), desde sua fundação, organograma, estrutura de funcionamento e articulações.
Sobre o trabalho desenvolvido para o acolhimento de dependentes químicos na Capital, Bárbara disse que todos trabalhando em prol de uma causa surtiu um grande efeito, com a efetivação de políticas públicas e um olhar diferenciado para a situação.
Com a estruturação do PAIC e como resultado do trabalho, foram disponibilizadas vagas sociais para pessoas em situação de vulnerabilidade que não tinham condições de serem acolhidas porque não podiam arcar com um tratamento terapêutico.
A segunda palestra foi ministrada pelo psicólogo Lucas Roncati Guirado, representante da Febract (Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas), que explanou sobre a importância das comunidades terapêuticas no trabalho de recuperação e reinserção social dos dependentes.
Segundo o psicólogo, o papel das comunidades terapêuticas é fundamental e, no caso de internações para atender dependentes químicos, “a ineficiência do poder público criou uma lacuna de mercado para internações privadas de baixíssima qualidade”, disse ele.
Ainda durante a palestra, Guirado citou que as comunidades terapêuticas são as principais aliadas para que não tenhamos um retorno dos manicômios brasileiros, que é para onde dependentes químicos eram encaminhados.
Foram mais de 23 anos de movimento da sociedade civil e, apenas em 2001, as comunidades foram reconhecidas pela Vigilância Epidemiológica. Para o propositor do seminário, Laudir Munaretto, é urgente que a classe política e o executivo se unam para contribuir com a causa.
“Já é nítido que as comunidades se proliferaram e precisamos, urgentemente, de políticas públicas para melhorar o atendimento às pessoas que queiram sair do mundo das drogas e retornar ao convívio social. Por Dourados ser rota do narcotráfico, tem aumentado o número de usuários e precisamos tomar uma providência diante essa situação”.