O relatório apresentado pelo presidente nacional do PL (Partido Liberal), Valdemar Costa Neto, diz que o presidente Jair Bolsonaro foi reeleito com 51,05% dos votos no segundo turno. A sigla entrou com uma representação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para anular os votos de cerca de 280 mil urnas eletrônicas usadas no dia 30 de outubro.
O relatório apresentado foi elaborado pelos professores Carlos Rocha (um dos criadores da urna eletrônica), Marcio Abreu e Flávio de Oliveira, todos do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA).
Conforme consta no documento, “em todas as 279.336 urnas eletrônicas dos modelos UE2009, UE2010, UE2011, UE2013 e UE2015, utilizadas no Segundo Turno das Eleições Gerais de 2022” foram verificadas inconsistências.
A auditoria foi realizada com base nos resultados decorrentes das urnas do modelo UE2020 - 40,82% do total das máquinas utilizadas no segundo turno – nestas deveriam ser computados 26.189.721 votos para Bolsonaro e 25.111.550 votos a Luiz Inácio Lula da Silva, resultando em 51,05% e 48,95%, respectivamente.
Valdemar Costa Neto disse que o relatório não expressa a opinião do Partido Liberal, mas é resultado dos estudos elaborados pro especialistas graduados em “uma das universidades mais respeitadas do mundo e que, no nosso entendimento, deve ser analisado pelos especialistas do TSE de forma que seja assegurada e resguardada a integridade do processo eleitoral”.
O laudo técnico da auditoria feita pelo Instituto Voto Legal, contratado pelo partido, indica que foram constatadas evidências de mau funcionamento de urnas eletrônicas, por meio de eventos registrados nos arquivos logs de urna, que são os registros com dados dos equipamentos eleitorais. As falhas teriam ocorrido apenas no segundo turno das eleições, em cinco dos seis modelos usados.
Alexandre Moraes condiciona apuração
Como já era de se esperar, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, deu prazo de 24 horas para que o PL faça o aditamento da petição na qual pede a anulação de votos das eleições.
Moraes pediu que a sigla apresente relatório também do primeiro turno, para então, ele analisar a representação.
“As urnas eletrônicas apontadas na petição inicial foram utilizadas tanto no primeiro turno, quanto no segundo turno das eleições de 2022. Assim, sob pena de indeferimento da inicial, deve a autora aditar a petição inicial para que o pedido abranja ambos os turnos das eleições, no prazo de 24 horas”, decidiu o ministro.
Deputado afirma que relatório já aponta dados do 1º turno
Após a decisão de Moraes, o deputado federal paranaense, Felipe Barros, que pertencente ao Partido Liberal, postou em uma rede social que o relatório apresentado protocolado no TSE, já consta auditoria do primeiro turno das eleições, e explicou o óbvio.
“O arquivo de log é sequencial e único para cada urna e incluem todos os lançamentos do 1º e do 2º turno”, por isso acredita que o ministro Alexandre de Moraes “não deve ter consultado os técnicos do TSE” ao exigir também os dados de primeiro turno.
Felipe Barros afirmou que seu partido deseja transparência, ainda que a comprovação das irregularidades resulte da perda de mandato de alguns eleitos. Para ele, “não há democracia sem transparência”.
“Se não há individualização de cada urna”, diz o parlamentar, “não há como comprovar que aquele log (histórico) é daquela urna específica”.