Apesar do presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, segue no cargo, dois interlocutores do presidente estiveram recentemente em São Paulo sondando um nome para substituir o chefe da equipe econômica. Segundo apurou o blog, os interlocutores tinham o aval do presidente para fazer a sondagem.
Na avaliação de assessores próximos ao presidente da República, é preciso começar a avaliar nomes para substituir Guedes por dois motivos. O primeiro é que o ministro pode decidir pedir demissão. O segundo é que uma ala do governo já tenta convencer Bolsonaro a trocá-lo, dentro do argumento de que o ministro da Economia não estaria entregando o que prometeu.
Guedes chegou a dizer na semana passada que deseja ficar no governo para seguir aprovando as reformas estruturais que sempre defendeu, mas admitiu que sua permanência tinha um limite. Caso fosse obrigado a tomar medidas que colocassem em risco a responsabilidade fiscal, ele não teria condições de seguir no posto.
Agora, Guedes tem ajustado seu discurso, dizendo que o governo precisa amparar famílias que ainda estão em situação de vulnerabilidade por causa da pandemia de Covid. E defendeu a decisão do presidente da República de elevar para R$ 400 o benefício do Auxílio Brasil, que a equipe econômica defendia que ficasse em R$ 300, exatamente para se encaixar dentro do teto dos gastos públicos.
Debandada
Na quinta-feira (21), quatro secretários do Ministério da Economia decidiram deixar seus cargos diante da estratégia do governo de mudar as regras do teto dos gastos públicos para abrir espaço para o aumento do Auxílio Brasil e também para outras despesas, como o auxílio a caminhoneiros.
Na avaliação desses secretários, entre eles o principal da equipe de Paulo Guedes, o secretário Especial de Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o governo sinaliza um descompromisso com a responsabilidade fiscal, tirando totalmente a credibilidade da política econômica.
Esses secretários não são contra o aumento do valor do Auxílio Brasil, mas defendem que a medida deveria ser adotada com cortes de gastos, e não com aumento do endividamento público.