Antes de viajar – mais uma vez – agora para a posse do novo presidente do Paraguai, Santiago Peña, em Assunção (PY), Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (14/8), durante o programa Conversa com Presidente, que continua com baixa audiência, que o país vizinho será “parceiro privilegiado do Brasil”.
“É um novo presidente, é um jovem que tem, me parece, a cabeça muito inteligente, é um jovem que tem preocupação na relação com o Brasil”, disse Lula.
Peña foi eleito no pleito realizado em 30 de abril e a cerimônia de posse acontece na terça (15/8). O político já esteve em Brasília duas vezes este ano, em 16 de maio e 28 de julho.
O petista ainda defendeu os investimentos no Paraguai e a ampliação das relações bilaterais.
“Quando nós resolvemos fazer uma linha de transmissão de Foz do Iguaçu, de Itaipu, para Assunção, por que nós fizemos essa ligação? Porque faltava luz todo dia em Assunção. Como é que pode um país que tem metade de Itaipu e ainda faltar energia? Então, quando a gente levou energia, o objetivo era efetivamente que empresas brasileiras também fossem produzir no Paraguai, para gerar emprego, para criar oportunidade de trabalho para aquela gente. Eles merecem tanto quanto nós”, disse Lula.
Atualmente o Brasil e Paraguai trabalham para a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu, que dispõe sobre as bases financeiras e de prestação dos serviços de eletricidade do empreendimento.
A empresa binacional conta com orçamento anual de cerca de US$ 3,5 bilhões, dos quais quase 70% destinavam-se ao pagamento da dívida do Paraguai com a construção da hidrelétrica no Rio Paraná, financiada pelo Brasil.
Cada país tem direito a metade da energia produzida pela usina, mas o Paraguai usa apenas cerca de 15% do total. Pelo tratado, o Brasil tem preferência de compra da energia excedente dos paraguaios. Esse é um dos termos que o Paraguai quer rever na negociação, para que o país tenha mais autonomia, abrindo a possibilidade, por exemplo, de venda para outros países ou ainda de colocar no livre mercado do Brasil.
Agenda bilateral
O Brasil é o principal parceiro comercial do Paraguai, país que abriga a terceira maior comunidade brasileira no exterior, atrás apenas de Estados Unidos e de Portugal. Estima-se que 245 mil brasileiros vivam atualmente em território paraguaio. Além da usina Itaipu Binacional, a relação bilateral abrange temas de interesse estratégico como combate a ilícitos, comércio e investimentos recíprocos.
O Brasil, com 36,9% do total exportado, é o principal destino das exportações paraguaias, de acordo com informações do Banco Central do Paraguai. Em 2021, o Brasil passou à primeira posição entre as origens de investimentos estrangeiros diretos no Paraguai, atingindo US$ 904 milhões e superando os Estados Unidos (US$ 892 milhões).
A segunda ponte internacional sobre o Rio Paraná (Ponte da Integração) e a ponte internacional sobre o Rio Paraguai são dois dos destaques entre os compromissos recentes assumidos pelos dois países.
A construção da Ponte da Integração, resultado de acordo bilateral celebrado em dezembro de 2005, teve início em agosto de 2019, no primeiro ano da gestão do então presidente Jair Bolsonaro. O estágio de execução física das obras supera 98,88% e para sua conclusão restam apenas acabamentos e a construção dos acessos viários.
Já o acordo entre Brasil e Paraguai para a construção de uma ponte rodoviária internacional sobre o Rio Paraguai entre Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, e Carmelo Peralta, que integra o Corredor Rodoviário Bioceânico, foi firmado em 2016. A obra foi iniciada em janeiro de 2022, com estimativa de conclusão em dezembro de 2024.