Cintia Gonzales, viúva do jornalista Leo Veras, executado dentro da própria casa em 2020, acusou o deputado paraguaio Santiago Benitez, do Partido Colorado, de tentar suborná-la para obter um pen-drive com provas contra o principal acusado de envolvimento no assassinato.
A denúncia foi revelada nesta quinta-feira (24/7), pelo jornal paraguaio ABC Color.
Segundo Cintia, o político se ofereceu para intermediar a entrega do dispositivo ao Ministério Público, supostamente com a promessa de recompensa em troca da omissão das evidências.
“Dias após a morte do Leo, ele [Benítez] me pediu que entregasse ao Ministério Público um pen-drive contendo provas que poderiam favorecer o principal suspeito, que tem ligação com o crime organizado. Ele insistiu muito e disse que, em troca, eu receberia uma recompensa”, relatou Cintia Gonzales.
Essa situação, segundo aponta a reportagem da imprensa paraguaia, levanta sérias preocupações sobre interferência política no sistema judiciário paraguaio. “Cachorrão” – principal suspeito do crime - havia sido absolvido, mas posteriormente teve seu julgamento anulado e permanece foragido.
A suposta tentativa de ocultar provas agrava ainda mais o cenário de impunidade em torno do caso Veras.
A possível participação de um deputado em manobras para encobrir um crime relacionado ao narcotráfico e à atuação de facções criminosas, como o PCC (Primeiro Comando da Capital), gera forte comoção e exige resposta firme das autoridades.
O caso de Leo Veras voltou aos holofotes após o consórcio internacional de jornalistas Forbidden Stories, em parceria com o OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), divulgar documentos que evidenciam falhas gritantes na condução das investigações pelas autoridades paraguaias.
Conforme o consórcio, pedidos de cooperação feitos por agentes brasileiros foram ignorados, e diversas evidências foram descartadas injustificadamente.
Para Cintia Gonzales, não restam dúvidas de que seu marido foi executado por investigar a atuação do crime organizado na região de fronteira.