O SPP (Sindicato dos Jornalistas do Paraguai) emitiu nota oficial neste domingo (24/8), após série de intimidações contra o jornalista Aníbal Gomez Caballero, de Pedro Juan Caballero, na fronteira com Ponta Porã.
As ameaças ganharam maior repercussão nos últimos dias após a divulgação de entrevista exclusiva com Waldemar Pereira Rivas, conhecido como “Cachorrão” e acusado de envolvimento na morte do jornalista Leo Veras, em 2020.
As mensagens de intimidação chegaram por SMS e WhatsApp, em tom violento e com ofensas pessoais. Algumas delas citavam diretamente os filhos e até os netos do comunicador, como forma de pressioná-lo a interromper suas críticas a “bandidos e políticos” da região.
O sindicato informou que os fatos já foram comunicados às autoridades paraguaias, à Codehupy (Coordenadoria de Direitos Humanos do Paraguai) e ao Comitê de Segurança de Jornalistas. A entidade exige que sejam adotadas medidas urgentes de proteção e investigação.
O Ministério Público foi instado a realizar uma investigação rápida e eficaz para identificar os autores das ameaças, enquanto a Polícia Nacional é cobrada a implementar mecanismos imediatos de proteção ao jornalista e à sua família.
O SPP reiterou que permanecerá vigilante em defesa do livre exercício do jornalismo na região de Amambay, fronteira considerada uma das mais perigosas para profissionais da comunicação.
O jornalista, que atua na rádio América 94,9 FM, registrou ocorrência na Segunda Delegacia de Polícia de Pedro Juan Caballero. Em depoimento, ele afirmou que não possui conflitos pessoais com criminosos ou políticos, com exceção das críticas públicas feitas ao deputado nacional Santiago Benítez.
Segundo Gómez Caballero, as ameaças começaram a circular logo após a veiculação da entrevista com “Cachorrão”, na qual o foragido acusou Benítez de ter pedido US$ 20 mil para não ser vinculado ao assassinato de Leo Veras.
“Não sei de onde partem as ameaças, mas é estranho que tenham surgido justamente após a entrevista com Cachorrão”, declarou o jornalista. Ele também destacou que os autores das intimidações demonstram ter informações detalhadas sobre sua vida pessoal e profissional, inclusive sobre o veículo que utiliza diariamente.
A Polícia Nacional informou que já abriu investigação e encaminhou o caso ao Ministério Público. O objetivo é esclarecer a origem das mensagens e responsabilizar os envolvidos.
Enquanto isso, o sindicato reforça seu apelo para que os poderes públicos do Paraguai assumam compromisso concreto com a defesa da liberdade de expressão e com a proteção dos jornalistas que atuam em áreas de risco.