O secretário estadual de Segurança Pública de MS (Mato Grosso do Sul), Antônio Carlos Videira, confirmou mais denúncias de mulheres sobre possível assédio cometido pelo ex-prefeito de Campo Grande e pré-candidato ao governo do Estado, Marquinhos Trad. A polícia já instaurou um inquérito após três possíveis vítimas relatarem o abuso.
Videira detalhou em entrevista ao jornal O Estado que a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) ouviu as vítimas e continua recebendo novos relatos de possíveis casos, que deverão ser integrados ao inquérito policial.
Trad prestará depoimento assim que todos os depoimentos foram colhidos.
“Caso apareçam mais vítimas elas serão anexadas ao inquérito, mesmo que a pessoa já tenha sido abusada há muito tempo. Existem laudos e exames psicológicos que podem comprovar isso. Quando terminar as investigações, aí vai para o Ministério Público, que oferece denúncia ou baixa para mais algumas diligências, após isso vai para o Judiciário”, explicou o secretário.
Marquinhos Trad não possui mais foro privilegiado, isto é, direito atribuído a algumas autoridades que ocupam cargos públicos de não serem julgadas perante a primeira instância em matéria penal -, por isso, o caso deve ser investigado pelo Ministério Público em até 30 dias.
“O inquérito policial será encaminhado daqui a 30 dias, se ele estiver concluído, ele vai concluso; caso ele não esteja concluído, irá para o Ministério Público com pedido de dilação de prazo para conclusão, pois podem ter exames periciais que ainda serão feitos”, destacou.
Conforme publicado pelo jornal, alguns vereadores da Capital tomaram à frente e cobram resultados na investigação. O vereador Marcos Tabosa (PDT) afirmou que pedirá a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e ainda o retorno antecipado do recesso da Câmara Municipoal, que iria até o próximo dia 2 de agosto.
“O meu jurídico já está preparando a fundamentação, e já estou correndo atrás das assinaturas, minha parte vou fazer, não pode ficar do jeito que está. As denúncias são muito graves contra o Marquinhos Trad, eu preciso de dez assinaturas, até o momento tenho duas, mas vou ligar para os vereadores e conversar sobre isso”, informou.
A vereadora Camila Jara falou por meio de suas redes sociais que a denúncia é muito séria e que nenhum tipo de violência contra as mulheres deve ser tolerado, independentemente do nome ou do cargo de quem está sendo acusado. “É bem comum que os agressores usem do poder de autoridade do qual se veem investidos para conseguirem o que querem e depois desacreditar nas mulheres que ousam denunciar. Enquanto isso, as vítimas são julgadas pela sociedade, tendo suas versões dos fatos colocadas em xeque”, destacou Camila.
Em nota divulgada pela assessoria do pré-candidato ao Governo, Marquinhos Trad disse que é vítima de uma perseguição política. “Não é a primeira vez que usam de baixaria para se manter no poder a qualquer custo. Uma tentativa covarde, rasteira. Estão desesperados porque estamos em primeiro nas pesquisas, mas não conseguirão mudar a vontade da população de dar um basta nesta gente que administra. Já tentaram isso em 2020 e a própria polícia considerou uma armação. Sigo com ainda mais vontade de trabalhar por nossa gente, corrigir injustiças, combater desigualdades. Pena os inúmeros casos de corrupção que fazem parte deste e do governo passado não merecerem tanto destaque, ainda que tenham custado vidas e milhões de reais aos cofres públicos”, pontuou a nota.
Antigas acusações
O jornal O Estado relembrou ainda acusações anteriores contra o político. Em 2018 tramitou um processo na Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente), porque a vítima, naquela época, era menor de idade. “Nessa época ele era prefeito e tinha foro privilegiado, então aquele procedimento foi encaminhado para o Tribunal de Justiça. Hoje, como ele não é mais prefeito, não poderá contar com o foro privilegiado”, comentou Antônio Carlos Videira.