Pelo sotaque identificado por testemunhas, polícia acredita que bandidos sejam de outros estados; eles fugiram para o Paraguai
Os bandidos que atacaram o carro-forte da empresa de transporte de valores Brink’s, ontem (2) na fronteira com o Paraguai, tinham sotaque de outras regiões do país, semelhantes a moradores do Nordeste e do Rio de Janeiro. A afirmação foi feita por vítimas que tiveram veículos roubados durante a fuga da quadrilha em direção ao Paraguai.
O detalhe sobre o sotaque, segundo policiais que participam das investigações, levanta forte indício de que o crime tenha sido praticado pelo chamado “Novo Cangaço”, denominação inspirada nos cangaceiros que por três décadas cometeram crimes no Nordeste brasileiro.
Assaltos ocorridos nos últimos dez anos, principalmente a agências bancárias de pequenas cidades, são atribuídos aos grupos do Novo Cangaço. Os cangaceiros dos anos 2000 já tinham atuado em Mato Grosso do Sul, quando assaltaram duas agências em Chapadão do Sul, em novembro do ano passado.
Policial que participa das investigações disse hoje ao Campo Grande News que os bandidos estavam em cinco e não em oito, como se acreditava. Segundo ele, o número exato foi esclarecido pelos depoimentos de testemunhas. “São de quadrilhas de ladrões de banco”, afirmou o policial.
Os funcionários da empresa contaram que os cinco assaltantes, todos usando balaclava – uma espécie de touca ninja que cobre o rosto – estavam no Jeep Renegade roubado, usado para abordar o carro-forte na MS-156. O assalto foi entre Caarapó e Amambai. Todos os bandidos estavam armados com fuzis calibres 5.56 e 7.62.
Após a tentativa fracassada de explodir a porta do carro-forte parado a tiros de fuzil, os bandidos incendiaram o Renegade no meio da estrada, possivelmente para dificultar a passagem de viaturas da polícia, e abordaram um caminhão carregado com cerâmica e fugiram em direção ao Paraguai levando o motorista de refém.
Quilômetros adiante, abandonaram o caminhão e o motorista e interceptaram o Citroën C4 Pallas preto. Os dois ocupantes do carro foram deixados na estrada e os bandidos seguiram com o carro para o território paraguaio. Teriam cruzado a fronteira em Aral Moreira, município vizinho de Amambai.
A suspeita de que o ataque ao carro-forte tenha sido praticado pelo Novo Cangaço é novidade na região. Até então, não havia indício de atuação dessas quadrilhas na fronteira.
O assalto ao carro-forte da Brink’s, em junho de 2017, foi atribuído pela polícia paraguaia ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Já o furto à agência do Sicredi em Coronel Sapucaia, em abril do ano passado, teria sido praticado por bandidos brasileiros e paraguaios, radicados na Linha Internacional.
Fonte: campograndenews