As investigações que resultaram na operação "Contra-Ataque III", deflagrada nesta quinta-feira (14/8), pela PF (Polícia Federal) e Receita Federal, em Campo Grande, revelaram um esquema sofisticado criado por uma organização criminosa para transportar drogas, movimentar milhões de reais e ocultar a origem ilícita do dinheiro.
A estrutura, segundo Receita Federal, funcionava como uma rede empresarial paralela, com ramificações em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. O grupo utilizava empresas de fachada e negócios em nome de familiares ou de integrantes da quadrilha para emitir documentos fiscais e notas de transporte de mercadorias agrícolas. Essas cargas, em tese lícitas, eram usadas como disfarce para o envio de drogas, dificultando a fiscalização e dando aparência legal às movimentações.
O recebimento dos valores provenientes da venda dos entorpecentes também seguia um padrão calculado: depósitos eram feitos em contas de empresas controladas por sócios e em contas de parentes sem histórico ou capacidade fiscal para justificar as movimentações. O dinheiro, então, passava por uma série de transações destinadas a “esquentar” os recursos, incluindo investimentos em revendas de veículos, oficinas mecânicas e outras atividades comerciais.
Além das transações financeiras, a investigação identificou que parte do lucro era convertido em bens de alto valor, como imóveis de luxo, cavalos de raça e veículos importados, usados tanto para ostentação quanto como reserva patrimonial.
O trabalho de inteligência policial e fiscal permitiu mapear essa engrenagem, resultando no cumprimento de mandados de prisão, busca e apreensão, além do sequestro de bens e valores em Campo Grande e Jaraguari.