O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) indiciou o tenente-coronel e ex-comandante da PM (Polícia Militar) de Nova Andradina, José Roberto de Souza, e mais quatro policiais por agressão ao jornalista Sandro de Almeida Araújo, de 46 anos. O caso aconteceu no referido município em junho deste ano.
Segundo a promotora Tathiana Correa Pereira da Silva, o ataque ao profissional por parte dos militares se deu por interesse de José Roberto de censurar o direito da vítima de comemorar a troca de comando.
“Assim, o denunciado TC J. Roberto, movido pelo sentimento e interesse pessoal de cercear o direito da vítima de comemorar a troca de comando, determinou aos militares, a ele subordinados, que vigiassem o entorno do quartel e impedissem a utilização dos fogos de artifício pelo mencionado jornalista, ora vítima, muito embora tal fato não constituísse crime”, diz a denúncia do Ministério Público.
Como mostrado pela reportagem à época dos fatos, os policiais não estavam fardados, tão pouco com veículos caracterizados da Polícia Militar. Ao constatar que se tratava de uma perseguição, Sandro não parou o veículo e tentou fugir.
“Importa destacar que, durante a perseguição, os policiais denunciados não se identificaram, bem como a vítima não os reconheceu por estarem em veículo descaracterizado (sem sinais luminosos e sonoros) e, portanto, ao constatar a perseguição não parou seu veículo, ao contrário, tentou empreender fuga visando proteger sua integridade física”, diz outro trecho da denúncia.
Além do ex-comandante, foram indiciados o 3º sargento Luiz Antônio Graciano de Oliveira Júnior, o também 3º sargento Marco Aurélio Nunes Pereira e o cabo Elizeu Teixeira Neves. Eles causaram lesão corporal de natureza leve na vítima, conforme faz prova o laudo de exame de corpo delito de f. 467/468.
Informação falsa
Outro fato citado na denúncia do MP é que os acusados registrar boletim de ocorrência no Sigo, porém, inseriram informações falsas a fim de ocultar os crimes praticados, e imputando ao jornalista Sandro de Almeida, os crimes de resistência, desobediência e lesão corporal, os quais não ocorreram, além de alterarem a dinâmica dos fatos no “histórico de ocorrência”, conforme se verifica dos depoimentos e vídeos anexados aos autos.
“Por todo o exposto, e, uma vez demonstradas a autoria e materialidade delitivas, o Ministério Público Estadual, através de sua Promotora de Justiça in fine assinada, oferece denúncia”, conclui a promotora Tathiana Correa Pereira da Silva.
Relembre o caso
Conforme consta no boletim de ocorrência, registrado pela vítima, os agressores seriam policiais militares. Ainda segundo o registro policial, o jornalista informou que estava dirigindo para retornar para sua casa, quando dois veículos descaracterizados – um Renault Sandero e uma caminhonete L-200 – com dois homens em cada um, teriam começado a persegui-lo.
Na época os agressores teriam dito que o jornalista seria o responsável por espalhar outdoor e também soltar fogos comemorando a transferência do tenente coronel da cidade. Durante a ação os envolvidos não utilizavam uniforme, mas um dos veículos era de uso da polícia militar.