Depois do clima de tensão causado pelo conflito entre indígenas e fazendeiros nesta sexta-feira (03), em Dourados, duas pessoas ainda continuam internadas em estado grave no Hospital da Vida. Dois indígenas foram liberados no final da tarde, segundo informações da unidade.
Das duas pessoas que ainda continuam internadas, um deles que trabalhava como segurança particular em uma das propriedades da área, foi baleado na barriga e permanece na UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e um indígena, estão em situação mais delicada.
O clima tenso só foi controlado no final da tarde desta sexta-feira (3) depois um dia inteiro de conflito e que mobilizou efetivos da Polícia Militar, do Departamento de Operações da Fronteira e do Corpo de Bombeiros. A Polícia Federal, chegou depois das 15h, para fazer o periciamento da área.
A Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) se limitou a dizer que acompanha o caso. “A Sejusp informa que está acompanhando o movimento em Dourados. As forças policiais estão desenvolvendo no local, o trabalho de polícia preventiva”, disse em nota enviada à imprensa no final da tarde de sexta-feira.
De acordo com o comandante da Polícia Militar em Dourados, Carlos Silva, equipe da Polícia Federal esteve no local e após conversas, conseguiu um acordo para liberar a Perimetral Norte, quando então os índios se dispersaram. “Agora a equipe faz rondas preventivas, mas tudo já foi controlado”, ressaltou o coronel, que definiu a situação como uma ‘ação violenta’.
O segurança ferido com um tiro foi socorrido pelos bombeiros e levado ao hospital em estado grave. Três indígenas também foram socorridos, sendo que dois deles tiveram ferimentos graves. Em meio à confusão, viatura do Corpo de Bombeiros foi apedrejada, assim como a da imprensa – que fazia a cobertura no momento.
Mesmo com a acusação de que os cerca de 50 indígenas estavam armados com revólveres, as lideranças negaram. “Estou com meu arco e flecha, em nenhum momento ameacei eles [policiais], que atiram sem motivo nenhum”, disse Arapoty, indígena Guarani Kaiowá.
O comandante ainda afirma que o grupo não é de Dourados e diz que não vê a situação como uma disputa por terras. “São vários índios que não fazem parte nem da aldeia Bororó nem da Jaguapiru. Eles mesmos dizem que são de fora da cidade de Dourados, então não deveriam estar aqui provocando esse tipo de situação”, destacou.
No entanto, Arapoty afirma que o grupo é originário da região e luta pelos seus direitos. “Quando eles veem a gente reivindicar nossos direitos, eles dizem que nós estamos invadindo, nós não somos invasores, somos originários daqui”, ressaltou.
( Marcos Morandi / Sidnei Bronka)