Segundo delegado do SIG, crime pode ser considerado um dos mais bárbaros dos últimos tempos em Dourados
O assassinato do agricultor João Costa, de 65 anos, morto com 50 facadas e depois queimado, em Dourados na segunda-feira da semana passada, foi planejado, com emboscada e requintes de crueldade. A conclusão é do delegado responsável pelo SIG (Setor de Investigações Gerais), Rodolfo Daltro.
Entretanto toda a trama que envolveu o crime que deixou a população da cidade chocada foi arquitetada pelo proprietário de uma distribuidora de gás, de 25 anos, que não tinha passagem pela polícia.
Segundo o delegado, os três suspeitos presos na última sexta-feira (24) confessaram o assassinato. Os depoimentos duraram mais de três hora e os acusados foram autuados por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe) e transferidos para PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
Os 50 golpes de faca foram desferidos por uma só pessoa. “Ele disse que ficou fora de si após o primeiro golpe e depois não o conseguiu se controlar mais”, afirmou o delegado, ressaltando que o crime cometido contra o idoso pode ser considerado como “um dos mais bárbaros dos últimos tempos em Dourados” e foi motivado por uma dívida de R$ 2 mil que o distribuidor de gás tinha com ele.
“Essa dívida foi umas nossas linhas de investigação. A partir daí identificamos as pessoas. Com diligências em distribuidoras de gás da região chegamos a um dos autores. Num primeiro momento ele alegou que havia pago essa dívida, só que na hora de confrontar as testemunhas, constatamos que essa dívida não tinha sido paga”, disse o delegado.
Além disso, durante o momento em que o carro do idoso foi queimado, algumas testemunhas relaram à polícia que viram dois homens correndo. Essas mesmas pessoas descreveram as roupas e as aparências das pessoas, ampliando algumas evidências de suspeitas sobre o principal autor.
“Ao retornamos à casa dele e olharmos o quarto, vimos resquícios de sangue. Tamanha foi a brutalidade do crime, que em vários pontos da parede estavam sem tinta, de tanto que eles esfregaram. Depois disso ele acabou confessando o crime”, explica Daltro.
O distribuidor de gás contou ao delegado que na segunda feira por volta de 10h30 da manhã o idoso foi lá para cobrar a dívida e ele estava lá na companhia de outros dois indivíduos, conhecidos como “Bebê” e “Neném”.
“Em um certo momento deram uma gravata nele, uma espécie de mata-leão, arrastaram para o quarto e esfaquearam ele. Em seguida embrulharam o corpo do idoso num lençol e colocaram o corpo dentro da saveiro do próprio idoso e limparam a casa”, disse o delegado.
Ainda segundo o delegado, os autores esperaram anoitecer tiraram gasolina de uma moto e foram até a região Castelo. Lá eles jogaram o corpo e atearam fogo. Em seguida eles retornaram com o carro da vítima e depois incendiaram o carro em um outro local, onde colocaram fogo no carro, antes de voltarem para casa.
“Ele lavou a faca utilizada no crime e queria guardá-la para continuar usando em casa, mas acabou sendo desaconselhado pelos comparsas, que disseram que podia ter marcas de sangue e polícia poderia identificar. Somente na quarta-feira é que ele resolveu jogar a faca numa fossa”, afirmou Daltro.
Outro detalhe que chamou a atenção dos agentes do SIG é o fato do distribuidor de gás ter cometido o crime com todo esse requinte de crueldade e depois ainda voltar a dormir no mesmo quarto da casa junto com o filho dele cinco anos.
Créditos: Midiamax