Fahd Jamil se entregou à polícia na manhã desta segunda-feira (19), no aeroporto Santa Maria, zona rural de Campo Grande. Ele é considerado o ‘rei da fronteira’. Segundo o secretário de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, uma negociação foi aberta pelo Garras com a família de Fahd, para que ele se apresentasse.
O advogado Gustavo Badaro diz que ele veio em aeronave ao lado de um dos filhos e ainda hoje deve entrar com pedido de prisão domiciliar por conta do estado de saúde do empresário que tem enfisema pulmonar.
De acordo com o Campo Grande News, ao chegar, por volta das 9h20, a aeronave onde o acusado estava foi levada para dentro de hangar, para impedir que a imprensa fizesse fotos do momento da prisão.
Ainda no local, amigos de Fahd acompanharam a prisão e defenderam a atitude como a melhor na atual conjuntura. “Tem que se entregar. Precisa de tratamento médico. Se ficar foragido é pior. Ele não tem que esconder nada de ninguém. Não tem prova nenhuma contra ele”, defendeu o amigo e advogado Armen Chemzariam.
Conhecido como ‘Padrinho’ ou ‘Rei da Fronteira’, Fahd era considerado foragido, depois de mandado de prisão em decorrência da Operação Omertà.
Visto como chefão do crime organizado desde a década de 1990, ele construiu o império primeiro pelo contrabando de café e açúcar, depois no comando do tráfico de drogas e de armas
Também foi apontado como chefão da exploração da jogatina, o que o envolveu na Operação Omertà, que teve como principal alvo membros da família Name.
Antes desta segunda-feira, apenas uma vez houve notícia de prisão de Fahd, há 40 anos, pela Polícia Federal do Paraná. Capturado em Campo Grande, ficou na penitenciária de Ahu, em Curitiba, prédio centenário desativado em 2006. Logo foi solto. A liberação foi festejada, retrata um dos únicos registros do episódio, a edição da revista Veja de 23 de julho de 1980.
Foram quatro décadas sem ser perturbado, até a Operação Omertà ser desencadeada. Muito próximo de Jamil Name, preso desde setembro de 2019, Fahd é também apontado como membro da milícia que exterminava os desafetos em Mato Grosso do Sul.
A defesa tentava colocá-lo pelo menos em prisão domiciliar, sem êxito até agora.
Atualmente são três ações contra ele, uma por corrupção ativa, outra por crimes contra o sistema nacional de armas e a última pelo homicídio do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, de 62 anos. O fuzilamento foi durante emboscada na Avenida Guaicurus, em Campo Grande, no dia 11 de junho de 2018.
Segundo os indícios levantados, o sargento reformado da Polícia Militar foi vítima de vingança ao sumiço do filho mais velho de Fahd Jamil, Daniel Alvarez Georges, o "Danielito", aos 42 anos, em 2011.
Nunca se apontou culpado pelo desaparecimento de Daniel, dado oficialmente como morto só neste ano, em janeiro. Exstem conjecturas de dissolução do corpo em ácido mas, de concreto, nada.