O escritório de advocacia Ferreira & Novaes Sociedade de Advogados é um dos alvos de busca e apreensão da 7ª fase da Operação Lama Asfáltica da Polícia Federal nesta terça-feira (24). O local também está ligado à Operação Vostok.
De acordo com as investigações do Inquérito 1.190 do STJ (Superior Tribunal de Justiça), eram de lá que partiam as ligações de Rodrigo Souza e Silva, então sócio dos advogados, para gerenciar as propinas da JBS.
Implicado em denúncia de roubo majorado porque seria o mandante de um roubo de propina que deu errado e por ter supostamente encomendado uma execução, Rodrigo Silva é citado no depoimento de Joesley Batista.
O empresário revelou que foi ele quem tratou com Reinaldo sobre os pagamentos de propina, bem como sobre o percentual de 30% que lhe seria pago. Rodrigo teria intermediado os pagamentos ao pai, parte em espécie, e a maior parte por meio de notas fiscais fraudulentas, fornecidas pelo próprio tucano à JBS.
Escritório
Joesley declara que não recorda se chegou a realizar contatos via celular com Reinaldo após as eleições, mas que durante a campanha em 2014, eles teriam se falado por números de telefone tanto do tucano como do filho dele.
Para comprovar o fato, Joesley passou um número fixo e um celular de Rodrigo Silva à Polícia Federal. Essas linhas seriam usadas, segundo o delator, para realizar ‘tratativas em geral do interesse de Reinaldo’. O Jornal Midiamax confirmou que as duas linhas são usadas até hoje por Rodrigo, tanto o número fixo como a linha de celular de uso pessoal.
Pelo número de telefone fixo fornecido no depoimento, trata-se de uma linha do escritório de advocacia onde Rodrigo Souza e Silva trabalhava. Atualmente, o sobrenome de Rodrigo foi retirado da sociedade. No entanto, ele e os então sócios ainda constam como procuradores municipais em diversas cidades de Mato Grosso do Sul, representando as localidades principalmente em defesas realizadas no TCE-MS (Tribunal de Contas Estadual de Mato Grosso do Sul).
Cidades como Água Clara e Nova Alvorada do Sul foram defendidas por Rodrigo Silva e os advogados do escritório em recursos que tramitaram em abril deste ano no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e no Tribunal de Contas em 2012, respectivamente.
Motor de Lama
Esta nova fase da investigação decorre da análise dos materiais apreendidos em fases anteriores, cotejados com fiscalizações, exames periciais e diligências investigativas. Além disso, investiga-se a utilização de contas bancárias de “testas de ferro” e a evasão de divisas, mediante a utilização de dólar-cabo para a remessa de valores. Neste sistema os recursos são transferidos de forma eletrônica para o exterior, mediante uma rede de doleiros, sem observância das normas legais.
Levando-se em consideração as fraudes e as propinas pagas a integrantes da organização criminosa, os prejuízos causados ultrapassam os R$ 400 milhões (quatrocentos e trinta e dois milhões de reais) se consideradas as 7 fases da operação.
Estão sendo cumpridos, desde as primeiras horas da manhã de hoje, 11 mandados de busca e apreensão, 4 medidas restritivas de liberdade e 4 mandados de sequestro e decretação de indisponibilidade de bens de investigados. Participam das ações 9 auditores-fiscais e 5 analistas-tributários da Receita Federal, mais de 46 policiais federais e servidores da Controladoria-Geral da União. As medidas estão sendo cumpridas no município de Campo Grande (MS) e Dourados.