A Força Aérea Brasileira, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), conseguiu extrair todos os arquivos de áudio e de dados do avião modelo ATR-72, da Voepass, que caiu no município de Vinhedo, armazenados nas duas caixas pretas do voo 2238. O brigadeiro-do-ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, foi quem repassou a informação, em entrevista coletiva. O anúncio foi feito em frente ao Condomínio Residencial Recanto Florido, onde a aeronave caiu, no início da tarde da última sexta-feira.
“Existem duas caixas-pretas e, nesta manhã (ontem), temos a informação de que conseguimos 100% de sucesso para obter as informações de voz e informações de dados que correspondem aos momentos que antecederam esse trágico evento para a sociedade”, disse Moreno. As equipes já concluíram que tanto o piloto Danilo Santos Romano quanto o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva, que morreram na tragédia, não informaram nenhuma emergência aos órgãos de controle de tráfego aéreo. A aeronave da Voepass deixou Cascavel (PR) às 11h46 do último dia 9, mas, por volta das 13h21, o sinal de GPS foi perdido, momentos antes da queda no condomínio residencial.
Na noite de ontem, os motores do avião foram retirados e encaminhados ao Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa IV), em São Paulo, onde ficarão armazenados, inicialmente. O serviço é uma unidade militar da Força Aérea e está subordinada ao Cenipa. Na capital paulista serão realizadas averiguações técnicas no equipamento para investigar se havia, ou não, algum problema mecânico ou alguma irregularidade.
O trabalho foi conduzido pelo Cenipa com o auxílio de técnicos e autoridades franceses e canadenses, que chegaram neste fim de semana ao Brasil. Da França, vieram representantes da Agência de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil (BEA), responsável pela fiscalização das aeronaves ATR-72 fabricadas no país europeu. Do Canadá, estão em Vinhedo especialistas da empresa Transportation Safety Board (TSB), fabricante dos motores, que participaram do trabalho de remoção e traslado dos motores.
“Seguindo protocolos internacionais dos quais o Brasil é signatário temos o dever de convidar o país responsável pelo projeto e fabricação da aeronave para a investigação, o que trouxe para cá também os técnicos da ATR, empresa fabricante, que estão interagindo com nossa investigação”, explicou Moreno.
Um inquérito policial foi instaurado pela Delegacia de Vinhedo para investigar as causas que levaram ao acidente aéreo na cidade, que deixou 62 mortos. Desde sábado, a Secretaria da Administração Penitenciária do município auxilia na preservação do perímetro do acidente com equipamentos antidrone, que têm como objetivo interceptar esses aparelhos aéreos comandados à distância e que não foram autorizados a sobrevoar a região.