Policiais civis do Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) deflagrou nesta quarta-feira (30/4), a operação “Colheita Fantasma”, em ação conjunta com a Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) e a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Campo Grande.
A operação busca desarticular organização criminosa especializada em fraude fiscal estruturada e lavagem de dinheiro, responsável pela emissão de notas fiscais eletrônicas sem a efetiva circulação de mercadorias, simulando transações interestaduais de grãos para gerar créditos tributários fraudulentos.
As investigações revelaram que diversas empresas, controladas de forma oculta por um mesmo grupo, movimentaram mais de R$ 1 bilhão em operações fictícias de 2020 até o presente momento gerando um suposto crédito tributário indevido de pouco mais R$ 100 milhões, além de possíveis danos tributários em âmbito federal.
Durante a ação, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão em Campo Grande; um mandado de busca e apreensão no município de Ivinhema, com apoio do SIG (Setor de Investigações Gerais) da Delegacia de Polícia Civil local; um mandado de prisão temporária expedido contra o principal suspeito de coordenar o esquema criminoso; sequestro de bens com medidas de indisponibilidade, incluindo o bloqueio de contas bancárias na ordem de R$ 20 milhões.
Durante as buscas, foram apreendidos documentos fiscais, equipamentos eletrônicos, registros financeiros, contratos sociais e outros elementos que reforçam a linha investigativa. As buscas visaram escritórios, residências e locais relacionados à administração de empresas utilizadas para simular operações fiscais.
Modus Operandi
A organização criminosa operava com sucessivas empresas de fachada, registradas em nome de interpostas pessoas (laranjas). Essas empresas simulavam a venda de grãos para outras unidades da Federação, gerando créditos de ICMS fraudulentos que eram posteriormente utilizados ou revendidos no mercado.
Mesmo após o bloqueio de atividades de algumas empresas inicialmente identificadas, os investigados continuaram a atuar por meio da criação de novas pessoas jurídicas, mantendo o esquema criminoso ativo e sofisticado
Integração Institucional
A operação representa mais uma ação conjunta de sucesso entre a Polícia Civil, a Secretaria de Estado de Fazenda de MS e a Receita Federal, demonstrando a eficácia da integração no combate à criminalidade organizada e às fraudes fiscais complexas.
As investigações prosseguem com a análise do material apreendido e a responsabilização penal, tributária e patrimonial dos envolvidos.
Sobre a operação
O nome da operação — “Colheita Fantasma” — reflete a principal fraude constatada: a existência de uma “produção agrícola” fictícia, restrita apenas a documentos, sem lastro em mercadoria real.