Na fala que fez, logo após vencer o vereador Elias Ishy nas prévias do PT, o professor Tiago Botelho convidou o ex-prefeito Laerte Tetila para ser seu vice. Foi a senha para uma construção política que culminou na noite desta terça-feira (23) na convenção da Federação Brasil da Esperança (PT, PC do B e PV), que sacramentou a dupla de professores universitários que disputará a Prefeitura de Dourados.
Aposentado da UFMS e reconhecido como um dos melhores prefeitos da história de Dourados (2001-2008), Tetila vinha se dedicando nos últimos anos à família, à música (compondo e tocando), a escrita e a uma pequena horta nos fundos de sua casa. Vida tranquila, distante da sempre conturbada atividade política.
É verdade, que volta e meia sempre aparecia em sua residência deputados, vereadores, lideranças e antigos correligionários para um dedinho de prosa, sempre à busca de conselhos e encaminhamentos políticos.
Durante o processo pré-eleitoral, Tetila chegou a declarar à Folha de Dourados que não pretendia mais se candidatar, que sua contribuição à vida pública estaria encerrada, já que fora vereador, deputado estadual, prefeito, assessor parlamentar (do ex-deputado George Takimoto). Tinha apoio da família.
O que ele não contava é com persistência de Tiago Botelho, e Tetila foi cedendo aos poucos. Obstinado, com argumentos poderosos da contribuição de Tetila à chapa do PT, o ainda pré-candidato petista deu o xeque-mate ao interferir na agenda interiorana do ex-governador Zeca do PT, na manhã de um sábado, no mês de junho.
Zeca, hoje deputado estadual, esteve em Dourados por pouco mais de uma hora e, em reunião com lideranças petistas e familiares de Tetila, o ex-governador fez um apelo para que como ele (que havia aceitado ser o vice da deputada federal Camila Jara à Prefeitura de Campo Grande) Tetila fosse o vice de Tiago Botelho. “Nós precisamos apoiar as jovens lideranças do partido com as experiências que adquirimos ao longo de décadas”, disse Zeca entre outros argumentos.
Poucos dias após a vinda de Zeca, Tetila chamou em sua casa Tiago Botelho e o presidente municipal do PT, João Carlos Joca de Souza, e anunciou o aceite. Mais uma vez, teve o apoio da família.
À Folha de Dourados, Tetila justificou assim a nova missão política:
Concordei com a minha pré-candidatura a vice-prefeito de Dourados, com Tiago Botelho como pré-candidato a prefeito, por algumas razões, dentre as quais o fato de identificar-me com o seu perfil, como explico a seguir :
– Ambos, Tiago Botelho e Laerte Tetila, viemos da academia (Universidade Federal). Academia que é um dos celeiros de profissionais capacitados em planejar e elaborar programas e projetos – binômio que, para nós, costuma ser a chave do sucesso das administrações públicas, ainda mais em se tratando de Dourados, a maior e a mais importante cidade do interior do MS.
Penso, pois, na facilidade que teremos, caso nosso projeto seja bem sucedido nas urnas, em buscar nas universidades a base de nosso secretariado. De lá, com certeza, traremos bons técnicos para bons projetos e para uma boa administração – experiência que já fiz quando estive à frente da Prefeitura.
Para mim, algo da maior relevância é que as administrações municipais devem trabalhar com três fontes de recursos: municipal, estadual e federal. Só que os bilhões, que se encontram nos Ministérios, só são liberados mediante bons projetos, sem o que nada se consegue.
Agora, penso que Laerte Tetila e Tiago Botelho, na condição de professores universitários, teremos boas chances de, com humildade, estabelecer pontes com as universidades e outros setores da sociedade, para trazer de volta, à Prefeitura, uma boa equipe técnica, capacitada em formular muitos e bons projetos. Por sinal, foi o que aconteceu em nossa administração, finalizada, em 2008, com 550 obras; além dos programas sociais, como cerca de três mil moradias e quarenta mil empregos; do embelezamento cênico da cidade e da aprovação em 83%.
Quero reforçar que Tiago Botelho e Laerte Tetila, como pré-candidatos, e tendo Lula na Presidência, Dourados poderá voltar a ter o tão sonhado alinhamento político, há anos perdido. Alinhamento que, no passado, nos permitiu trazer para Dourados cerca de R$ 700 milhões e, no pacote, até mesmo a Universidade Federal (UFGD), com seus prédios e cerca de 10 mil estudantes – o maior projeto de Dourados dos últimos 50 anos.