O Dia Internacional da Cerveja é celebrado na primeira sexta-feira de agosto. No Brasil, a data serve para ir além de quem tem disponibilidade para aproveitar aquele happy hour após o expediente. A celebração também serve para evidenciar a força da bebida para a economia nacional. Afinal, o Brasil é o terceiro maior produtor mundial de cerveja, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.
Para a bebida chegar aos copos dos consumidores — do Brasil e do mundo — é preciso uma série de processos, que conta com protagonismo de agricultores. Isso porque tudo se inicia no campo, onde se é produzido um dos principais ingredientes da cerveja, o lúpulo, que, vale destacar, é:
De uma espécie dióica (sexos separados);
Perene (produz por vários anos);
E apenas as inflorescências femininas são usadas na fabricação de cerveja (e são chamados de cones).
Embora seja um dos líderes de produção, o Brasil ainda é um grande importador de cerveja. De acordo com o levantamento feito pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo, foram importadas mais de 4 mil toneladas da matéria-prima somente em 2021. Movimentação que totalizou desembolso na casa dos US$ 81 milhões.
A presença do Brasil na lista de países importadores de ingredientes da cerveja pode mudar. A cultura já tem chamado a atenção de produtores brasileiros, como no caso dos sócios João Simões e Thauame Barberato, que decidiram iniciar o plantio de lúpulo no Distrito Federal.
“Eu era cervejeiro artesanal e na pandemia comecei a pensar no que poderia inventar no mercado cervejeiro”, conta João em entrevista ao Canal Rural. “Aí, veio a oportunidade do lúpulo, que estava começando no Brasil. Fiz um teste em uma pequena área e, na primeira safra, quando senti o cheiro pensei: é isso que eu quero e comecei a explorar”, complementa o produtor.
Tradicionalmente, o Brasil não é um país produtor de lúpulo. Até pouco tempo, acreditava-se que a cultura não poderia ser desenvolvida por aqui, pois o país está fora da faixa de latitude considerada ideal para o plantio. Era difundida a ideia que para a boa produção de lúpulo eram necessários períodos de dormência e vernalização — processos esses causados pelo frio, fatos que foram cientificamente contestados.
Com base em estudos e definições de novas técnicas, produtores mostraram que é possível cultivar a planta no país. Uma dessas técnicas é o uso de iluminação noturna para o desenvolvimento da flor. Porém, para ser utilizado de fato como um insumo para cerveja, a flor passa por uma série de etapas até estar pronta para ser utilizada pela fábrica, como explica o produtor de lúpulo Thauame Barberato.
“O que é utilizado mesmo pelas cervejarias é a flor. Pode ser natural ou seca” — Thauame Barberato
“É uma cultura que chega até a seis metros de altura. É uma cultura perene, a gente corta a planta inteira e tira as flores. O que é utilizado mesmo pelas cervejarias é a flor. Pode ser natural ou seca. Faz a conservação, seca e cria os pellets. Utiliza dessa forma para não comprometer o maquinário das cervejarias. No Brasil, hoje, é a forma mais utilizada”, explica Thauame.
A primeira bebida alcoólica do mundo é também uma grande fonte de renda e emprego. Estudo realizado recentemente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) mostra que a cada emprego em uma cervejaria, outros 34 novos postos de trabalho são criados na cadeia produtiva.
“Um dos principais setores que contribui para geração de empregos e retomada econômica do país” — Luiz Nicolaewsky
“A indústria da cervejeira é um dos principais setores que contribui para geração de empregos e retomada econômica do país, que movimenta uma das extensas cadeias produtivas responsável por 2,02% do PIB, geração de mais de 2 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos”, ressalta o superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), Luiz Nicolaewsky.