Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a OMS
“Não sei exatamente quando aquela tristeza se instalou de vez. Apenas sei que os dias se tornavam mais tristes, sem cor e sem esperança”, diz uma enfermeira* de 37 anos, que mora em Campo Grande. Com ajuda profissional, a mulher que passou por um longo período de infelicidade venceu o sofrimento psíquico e evitou o suicídio.
No entanto, o apoio que ela teve para lidar com seus problemas, recebido até mesmo de “poucos amigos e familiares”, não é realidade da maioria.
Todos os anos, cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio no mundo, segundo a OMS. Só em Mato Grosso do Sul, foram 88 mortes registradas por este motivo entre os meses de janeiro e agosto deste ano. Em 2019, outras 263 vidas foram perdidas, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES).
Os números são expressivos e revelam um problema de saúde pública complexo, rodeado de tabus. De difícil compreensão, o assunto muitas vezes é colocado de lado. As pessoas evitam falar a respeito. Mas, nem sempre, essa é a melhor decisão, avaliam especialistas.
Prevenção do suicídio
Desde 2003, o dia 10 de setembro é marcado como o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio. No Brasil, a data foi reforçada em 2014 com a criação da campanha Setembro Amarelo, idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). O objetivo é conscientizar a população sobre a temática.
E para falar de prevenção do suicídio é necessário deixar de lado o tabu - aquilo que é proibido por crença ou pudor. As conversas sem julgamentos e a acolhida de quem está passando por sofrimentos podem ser algumas das ferramentas mais eficazes para salvar vidas.
A enfermeira do início da reportagem, por exemplo, conseguiu ajuda de um colega médico psiquiatra depois de conversar e pedir auxílio. Ela passou por um longo acompanhamento e uma internalização.
“Um trabalho sobre revitalizar aquela alma morrendo naquele corpo que permanecia vivo, um caminho de auto-descobrimento”, define ela.
Rede de atenção
E ajuda que muitas pessoas precisam pode vir por vários caminhos. Um deles é o SUS. Em todo o Mato Grosso do Sul, serviços pelo Sistema Único de Saúde estão disponíveis para a população que precisa de cuidados. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e ambulatórios de saúde mental estão espalhados por 22 cidades do Estado.
Quem precisar de apoio nos demais municípios do Estado pode procurar atendimento na unidade básica de saúde - o postinho do bairro. Outra alternativa é Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende gratuitamente pelo telefone 188.