Ações de capacitação são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen; Foto: Tatyane Santinoni
Com mercado cada vez mais em expansão, a área de cuidados com a beleza representa um importante nicho profissional, com bastante demanda de vagas de trabalho, mas que exige qualificação técnica. Oportunidade que está sendo garantida a internas do Estabelecimento Penal Feminino de Regimes Semiaberto e Aberto de Campo Grande (EPFRSAA-CG), por meio de parceria entre a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande, com o oferecimento do Curso de Cabeleireiro e Barbeiro.
A qualificação é ministrada pelo hair stylist Marcos Rogério Andrade Ferreira e tem como foco cortes de cabelo e técnicas de visagismo. Durante as aulas, as reeducandas também aprendem sobre atendimento ao cliente, postura, ética profissional, limpeza do ambiente, textura e PH capilar. Segundo cálculos do instrutor, as alunas poderão conseguir uma renda média mensal aproximada de R$ 2,4 mil apenas com cortes de cabelo, caso se dediquem.
Com duração de cerca de dois meses, as aulas acontecem uma vez por semana. "É um trabalho que a gente realiza há mais de cinco anos, inclusive com ações sociais para o público mais vulnerável. Inclusão social mesmo", destacou, reforçando que as atividades foram retomadas após o maior controle da pandemia.
Marcos Rogério já desenvolveu trabalhos sociais junto à população carcerária da capital, por meio de parceria com a Agepen, em anos anteriores, entre eles através do projeto “De Gente pra Gente no Cárcere”, no qual oferecia ações de beleza a mulheres em situação de prisão, com cortes de cabelos, escovas, chapinhas e maquiagens, realizados pela equipe de profissionais voluntários formada por ele.
Andrea Florentino, 43 anos, é uma das 15 internas que estão sendo capacitadas. Há 1 ano e 4 meses cumprindo pena, este é o primeiro curso na área de beleza que ela participa, representando uma nova possibilidade de trabalho quando conquistar a liberdade.
"Meu sonho é abrir minha pastelaria e agora estou ampliando minhas possibilidades de trabalho com essa profissionalização. Conhecimento nunca é demais", afirma, revelando que também já participou da capacitação em empreendedorismo no ramo de culinária oferecido pela Fundação Social do Trabalho de Campo Grande (Funsat).
Para a diretora do EPFRSAA-CG, Cleide Santos do Nascimento Freitas, a qualificação abre maiores possibilidades de as mulheres em situação de prisão retomarem sua independência quando conquistarem a liberdade. "A capacitação profissional é fundamental à pessoa em cumprimento de pena, principalmente àquelas que estão prestes a sair, pois podem trabalhar como autônomas e iniciar uma nova história em suas vidas", ressalta.
Profissional na área de embelezamento capilar há 32 anos, Marcos Rogério também defende o impacto positivo que a capacitação pode trazer para a vida dessas mulheres. "É um meio de ter uma profissão, de entrar no mercado de trabalho, ajudar seus familiares, dar dignidade e respeito para elas, pois ainda existe o estigma e julgamento da sociedade de quem passou pelo sistema prisional", pontua. "Então acredito que vai contribuir bastante, além de mostrar para elas que tudo que a gente almeja, a gente consegue, só depende de cada um”, finaliza, reforçando que pretende levar mais cursos a outras unidades penais.
As ações de capacitação são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio da Divisão de Assistência Educacional e representam uma importante ferramenta de incentivo à reinserção social efetiva dos apenados.