Membro da família diz que problema real foi o atraso no diagnóstico
Com duas mortes registradas na família em consequência do coronavírus, a técnica de enfermagem Márcia Dionísio dos Reis, de 34 anos, sai em defesa dos parentes e rebate criticas de que abusaram ao desrespeitar o isolamento social. “Não era uma festa”, garante sobre o encontro em que 13 pessoas acabaram infectadas. Ela é prima de André Cardamone Júnior, de 57 anos, e sobrinha de Marilda Reis, de 70 anos, que morreram nos dias 13 e 17, respectivamente.
Márcia conta que antes do almoço do feriado dia 1º de maio, o primo tinha se sentido mal e procurou auxílio em um posto de saúde de Brasilândia. Com diagnóstico de dengue, ele foi liberado e pouco depois participou do almoço onde ocorreram as infecções.
“Não teve festa nenhuma. A maioria morava na casa. É uma casa lotada já”, declara Márcia, demonstrando indignação. Ainda segundo ela, a tia não poderia ficar sozinha porque estava vivendo um quadro depressivo “Jogam a culpa toda na família sem saber direito o que ocorreu”.
Denúncias - Os detalhes que deveriam ser divulgados e explicados, segundo Márcia, são a falta do diagnóstico do coronavírus quando um dos primos procurou ajuda em um posto de saúde, além de alta de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) de alguns funcionários da unidade e até a liberação do primo em meio ao período de pandemia. “Já tinham que ter feito exame ali. Só fizeram quando ele começou a reclamar de falta de ar. Aí fizeram em toda a família”, diz.
Questionada se o almoço teria sido cancelado caso eles já tivessem o diagnóstico de corona e não de dengue, ela afirma que “sim, claro” e acredita que o resultado teria sido “totalmente diferente”.
Conforme o relato, na casa onde foi realizado moram 6 pessoas as outras apenas passaram por lá. Márcia estava em Campo Grande quando o encontro ocorreu e por esse motivo não participou.
A técnica de enfermagem rebate a ideia de “negacionistas”, como foram chamados pelo Secretário de Estado de Saúde Geraldo Resende, e diz que todos haviam sido orientados sobre a doença, inclusive por ela. “Sou da área da Saúde. Tinha enviado no grupo da família para todos usarem álcool em gel, máscaras”.
Hoje, além da dor da perda os parentes lamentam o fato de não poder participar de um velório, seguindo recomendações para evitar novos contágios. O reconhecimento do corpo é feito por imagens no celular e o enterro sem público.
Créditos: CAMPO GRANDE NEWS