Mato Grosso do Sul está entre os 16 estados que alcançaram a meta de 90% de cobertura vacinal da BCG – que previne formas graves da tuberculose, segundo estudo elaborado pelo Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), divulgado pela Fiocruz/Unifase. O Estado ainda é apontado por atingir a meta com outros dois imunizantes: a PCV (pneumocócica) 95% de cobertura – que previne pneumonias e a MenC cuja a cobertura é de 90% e que protege contra o tipo de meningite bacteriana mais frequente no Brasil.
Para o secretário de Estado de Saúde, Flávio Britto, isto é um reflexo do incentivo financeiro que o Governo do Estado tem oportunizado à população com apoio direto às salas de vacina dos 79 municípios do Estado. “Nós criamos esse incentivo onde aplicamos para cada sala de vacinação, o valor de R$ 5 mil, para que abrisse em horários ou dias diferenciados, justamente para atender a população que trabalha em horário comercial. Nós vimos que vacinas foram oferecidas em shoppings da Capital ou que muitos municípios também usaram o recurso para fazer busca ativa percorrendo a zona rural. Então, isto mostra que estamos fazendo um excelente trabalho e que iniciativa como esta reflete nas ações estratégicas dos municípios. Mas nós também precisamos que a população colabore e leve, principalmente, as crianças para se vacinarem”, destaca Britto.
A Coordenadora Estadual de Vigilância Epidemiológica da SES, Ana Paula Rezende de Oliveira Goldfinger, ressalta que a pandemia do Coronavírus intensificou para que a vacinação apresentasse queda na cobertura de diversos imunizantes no Estado. “A SES desenvolveu um trabalho muito forte neste ano, que contou com o apoio da mídia e com a realização de campanhas, para que a gente conseguisse resgatar esse público que foi afetado principalmente pela pandemia. Somente neste ano, nós tivemos seis campanhas em nosso Estado, da Covid-19 – que ainda continua, do Sarampo, da Poliomielite, da Multivacinação, da Intensificação da Vacinação na Fronteira e da Influenza. Nós acreditamos que até janeiro de 2023, vamos conseguir atingir a meta de cobertura vacinal de outros imunizantes, não somente as destacadas pelo estudo do Observa Infância. Os municípios possuem um espaço de tempo para que possam lançar seus dados sobre os imunizantes aplicados. Mas a participação da população é extremamente importante”, explica Goldfinger.
O Estudo
O Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância) é uma iniciativa de divulgação científica para levar ao conhecimento da sociedade dados e informações sobre a saúde de crianças de até cinco anos. Na ocasião, analisou dados preliminares até 28 de novembro, do Programa Nacional de Imunizações (PNI) que indicam que o Brasil ainda não atingiu a meta de cobertura vacinal para a maioria dos imunizantes do calendário básico infantil em 2022. Mas, cabe ressaltar, que os municípios têm prazo até 2024 para finalizar os registros.
O cenário mais grave é registrado no Brasil entre as vacinas aplicadas após o aniversário de um ano – tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (que inclui a primeira dose da varicela, além de sarampo, caxumba e rubéola) e hepatite A – que estão com cobertura inferior a 50% da população-alvo. A tríplice viral, aplicada a partir dos 12 meses de idade, tem a menor cobertura do calendário básico infantil. Segundo os dados disponíveis até novembro, duas de cada três crianças no Brasil não completaram a imunização contra sarampo, caxumba e rubéola ao longo do segundo ano de vida. Em MS, a tríplice viral apresenta excelente cobertura vacinal com 92,9%.
Já a cobertura dos imunizantes previstos no calendário para bebês menores de um ano ficou abaixo da meta em todos os casos, mas os registros indicam maior adesão à vacinação nessa faixa etária. A cobertura nacional contra DTP (difteria, tétano e coqueluche), poliomielite, PCV (pneumocócica), MenC (meningite C), hepatite B e Hib (Haemophilus influenzae tipo B) ficou acima de 70%, mas ainda está longe da meta.
A proteção contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Hib é feita com três doses da vacina pentavalente, uma combinação da DTP com os outros dois imunizantes, e deve ser concluída antes do primeiro ano de vida. O calendário básico também prevê dois reforços da DTP: o primeiro com um ano de vida e o segundo aos quatro anos. Já a BCG, aplicada ao nascer ou dentro dos primeiros dois meses de vida, é a única vacina do calendário que já alcançou a meta em 2022, com cobertura superior a 90%. Na outra ponta, a vacina contra a febre amarela só chegou a 55% da população-alvo, segundo os dados disponíveis até agora.
Para o cálculo da cobertura vacinal em crianças menores de um ano, o Observa Infância considera o número de doses aplicadas naquele ano e o número de nascidos vivos no ano corrente, segundo o Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc). Para crianças que já completaram um ano, a estimativa é baseada no número de nascidos vivos do ano anterior menos o número de óbitos de menores de um ano registrados também no ano anterior, segundo o Sistema de Informações Sobre Mortalidade (SIM). Os dados ainda podem sofrer alterações devido ao tempo necessário para o preenchimento.