Depois de já ter mostrado grande poder de reação no Mineirão quando buscou o 2 a 2 após perder por 2 a 0, o time de Abel Ferreira conseguiu a vaga nos pênaltis nesta quarta-feira, após o empate em 0 a 0 no tempo normal no Allianz Parque, mesmo chegando a ter dois jogadores a menos.
Os mais de 40 mil torcedores que foram à arena certamente vão colocar o jogo como um dos momentos mais épicos que viveram em um estádio. Desde a inauguração do Allianz, é um dos capítulos mais especiais.
A começar pela torcida que apoiou, assim como dizia nos versos da música. Em tempos de elitização do público em arenas, os palmeirenses que foram à decisão jogaram junto da equipe durante o todo o tempo. E a cada momento de adversidade aumentavam o volume.
Esta força começou a se tornar ainda mais necessária aos 28 minutos de jogo, quando Danilo foi justamente expulso. Até então, o confronto era parelho e com poucas chances para os dois lados, mas a partir do momento que o Palmeiras passou a ter um a menos, toda a estratégia mudou.
Abel Ferreira chamou imediatamente seus jogadores para uma conversa e reposicionou o time: 4-4-1 ao atacar, com uma linha no meio formada por Rony, Raphael Veiga, Zé Rafael e Gustavo Scarpa, e Dudu como um centroavante. Ao defender, o camisa 10 fechava uma linha de cinco atrás.
Mesmo em desvantagem numérica, o Verdão marcou muito melhor do que no início do jogo no Mineirão e teve poucos momentos de sufoco atleticano. E quando acontecia algum lance de perigo do Galo, os quase 40 mil palmeirenses cantavam bastante para ajudar a equipe.
O time de Abel, também, honrou a frase "lutem sem parar". Depois da primeira expulsão, a equipe passou a basicamente se defender e tentar encaixar um contra-ataque na velocidade de Rony, que pouco aconteceu.
A situação virou ainda mais dramática aos 36 do segundo tempo, quando Scarpa foi expulso. Com dois a menos, a torcida mais uma vez mostrou que estava disposta a jogar com a equipe e fez o Allianz Parque balançar.
Se houve algum momento de maior tensão foi nos acréscimos, quando o Galo teve duas chances, incluindo uma na trave, com Hulk. Mas o Verdão resistiu e conseguiu levar o jogo para os pênaltis. Vargas ainda foi expulso pelo lado adversário nos acréscimos.
Apesar de lembrar imediatamente da marca de cinco eliminações seguidas em disputas por penalidades, o palmeirense manteve o ambiente de apoio até as cobranças.
E os seis batedores do Palmeiras acertaram. Restava a Weverton fazer uma defesa para colocar o Verdão em vantagem. Ela veio assim que o Atlético-MG abriu as alternadas, na batida de Rubens. Murilo, então, fez torcida e elenco explodirem em festa com o gol da classificação.
Com o contexto de lidar com expulsos desde o primeiro tempo, fica como marcante a concentração do Palmeiras para sofrer poucos sustos. O time não se desorganizou e acabou até com um número parecido de finalizações (11 x 13), ainda que tenha terminado com apenas 37% de posse de bola.
Mas os números, neste caso, influenciam pouco. O que vai se levar deste jogo é a sinergia entre torcida e jogadores que ajudou a colocar o atual bicampeão da Libertadores em nova semifinal. Uma classificação que certamente ficará na memória do palmeirense por muito tempo.