Teve choro de Neymar e de Richarlison. Teve de Renan Lodi, jovem revelação da lateral, que errou no gol de Di María e foi consolado no gramado pelo capitão Thiago Silva depois da derrota para a Argentina, na final da Copa América, no Maracanã (1 a 0). Conheceram a dor da derrota dentro de casa para um grande rival. Mas nada muda na marca dessa Seleção de Tite.
Mesmo que você não goste dele, que você ache que esse time "só tem Neymar", que diga que "é a pior geração da história" - uma conversa repetida de tempos em tempos. Ou ainda que "só ganha das babas sul-americanas" - outro conceito curioso quando se compara o que a Seleção faz desde que Tite assumiu contra estes adversários e o que os europeus fizeram no mesmo período...
Interessa pouco agora que foi a quinta derrota depois de 61 jogos com Tite - a segunda delas em competições oficiais (sim, a primeira foi aquela, a da Copa de 2018 para a Bélgica). Menos que saiu de campo sem ser vazado em 42 partidas, que tem saldo de 106 gols.
Vale notar que a um ano e meio da Copa do Catar, Tite teve respaldo de seis vitórias em seis jogos nas Eliminatórias para buscar alternativas na Copa América. Mas sai dela sem ouvir as tais respostas para velha expressão que usa. Isto porque "o campo falou pouco" depois de rodízio no sistema ofensivo. Ora jogou com três atacantes e um meia ofensivo. Ora colocou quatro atacantes e deixou a equipe praticamente em dois blocos - o da frente com quarteto solto e o de trás, de sustentação, com seis.
Foram 18 alterações em nove jogos - dois das Eliminatórias e sete da Copa América - para mexer no trio ou no quarteto de atacantes. Tite repetiu a escalação apenas na semifinal e final da Copa América - quando teve Everton Cebolinha, Neymar e Richarlison. (Aliás, como fez falta Gabriel Jesus na final...)
Quando a competição afunilou ficou a sensação de que em momento algum Tite se definiu pela melhor solução entre a trave adversária e Neymar. Hoje mais meia-atacante e responsável pela criação, o camisa 10 tem um quê de cobertor curto na Seleção - embora seja impossível imaginar a volta dele pela esquerda, como ele jogou boa parte da carreira.
Pedro segue no radar
Por isso o título desse texto fala em Tóquio, nos jogos olímpicos que começam dia 22 de julho. No ataque, o técnico André Jardine vai ter Matheus Cunha, um atacante de finalização, da tal presença de área. Algo que pouco se viu nessa Copa América. Sem Neymar, a soma dos gols de atacantes escalados por Tite (Richarlison, Firmino e Gabigol) foi de três gols - um para cada. Casemiro, Éder Militão, Alex Sandro e Marquinhos também marcaram um gol cada um.
Para os planos de Tite, é uma pena Pedro não ir a Tóquio. E não será surpresa alguma se um dos dois centroavantes - ele e Matheus Cunha - reaparecer na lista de Tite em setembro para a volta das Eliminatórias. Vai depender do que Cunha apresentar em Tóquio e Pedro, no Flamengo.