O mercado da soja inicia o ano de 2022 com todas as atenções voltadas para os problemas climáticos que atingem a nova safra da América do Sul. Após um plantio em ritmo recorde no Brasil e primeiros meses positivos para o desenvolvimento das lavouras em todo o país, o mês de dezembro de 2021 começou a trazer problemas importantes para parte das lavouras brasileiras. A incidência do fenômeno La Niña traz pouca umidade para a Região Sul e excesso de umidade para a faixa central e metade norte do país, confirmando seus efeitos clássicos.
Conforme o analista de Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez Roque, além disso, parte das lavouras do Paraguai também sofrem com a baixa umidade, enquanto na Argentina o início do desenvolvimento foi favorável, mas as previsões são preocupantes. “Os mapas climáticos apontam para pouca umidade em toda a Região Sul, no Brasil, e para as principais províncias produtoras da Argentina em todo o primeiro trimestre de 2022. Tais condições colocam em xeque a produção de dois dos três maiores estados produtores do país (Paraná e Rio Grande do Sul) e do segundo maior país produtor sul-americano (Argentina)”, alerta.
Somado a isso, os mapas que apontam para excesso de umidade na faixa central e metade norte do Brasil também preocupam com relação à evolução dos trabalhos de colheita, que devem começar nos primeiros dias de 2022.
A soja brasileira será competitiva com a dos EUA e da Argentina em 22/23?
“Em suma, a safra da América do Sul está sendo colocada em xeque, e isso tem influência direta sobre Chicago. Pelo menos até o final de março, todas as atenções estarão voltadas para o tamanho da produção sul-americana”. Segundo o analista, Chicago inicia o ano com fôlego para buscar patamares mais altos frente a esses problemas produtivos. “Se o clima desfavorável se confirmar, teremos perdas relevantes por aqui, o que pode levar os contratos futuros a romperem facilmente o patamar de US$ 14,00 por bushel. Dependendo do tamanho das perdas, patamares ainda mais altos podem ser alcançados. O tamanho da safra sul-americana será decisivo para entendermos os rumos dos preços no primeiro semestre de 2022 e, por enquanto, os fatores apontam para cima”, explica.
Safra dos EUA
A partir do final de março, o mercado começará a voltar suas atenções para a nova safra dos Estados Unidos. “Dependendo dos níveis de preços de soja e milho, poderemos ver migrações de áreas entre as culturas. A intenção de plantio da nova safra dos EUA, que é divulgada ao final de março, poderá trazer grandes oscilações para Chicago”, analisou. Depois disso, a nova safra norte-americana dominará o cenário da soja até o penúltimo trimestre do ano, quando a nova safra da América do Sul voltará aos holofotes.
“Frente a tudo isso, esperamos uma grande volatilidade para os fatores que formam os preços da soja em 2022, mas, de uma forma geral, esperamos por preços mais altos na maior parte do ano”, projeta Roque.
Câmbio
Com relação ao câmbio, devido ao ano eleitoral e a incertezas internas e externas, a expectativa também é de volatilidade. Apesar disso, a tendência deve continuar sendo de um dólar firme frente à moeda brasileira, podendo até mesmo voltar para o patamar de R$ 6,00.
“Em suma, o ano de 2022 deverá ser de grandes desafios para os produtores brasileiros, principalmente devido aos prováveis problemas produtivos. Entretanto, o cenário atual aponta para preços elevados ao longo do ano, podendo atingir novos recordes, o que deverá ser favorável para a manutenção ou melhora das margens de rentabilidade. Apenas grandes mudanças nos fatores podem alterar esse quadro”, conclui.