O governo federal reduziu a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2022, 2,1% para 1,5%. Para o próximo ano, foi mantida a projeção de crescimento de 2,5%.
Além da redução do PIB, o governo aumentou a projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano, que passou de 4,7% para 6,55%.
As informações constam do Boletim Macrofiscal, divulgado pelo Ministério da Economia.
O aumento na projeção da inflação ocorre um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter elevado o juro básico da economia (Selic) de 10,75% para 11,75% ao ano, como forma de reduzir a atividade econômica e conter a alta nos preços.
Segundo o boletim, a expectativa é de que a inflação volte, a partir de 2023, para a meta definida, que é de 3,25% ao ano.
PIB
Apesar da redução na expectativa de crescimento, o percentual se mantém acima da expectativa que o mercado financeiro projeta, de alta de 0,49% do PIB.
Para justificar a redução, o ministério disse que ainda estão presentes na economia os fatores que sustentam a previsão de crescimento este ano, que seriam a retomada dos empregos e o aumento dos investimentos.
“Entre fatores positivos para impulsionar o crescimento em 2022, elencam-se a taxa de poupança elevada, a recuperação do setor de serviços, a contínua melhora do mercado de trabalho e o robusto investimento, tanto privado como em parceria com o setor público”, diz o documento.
O governo espera um alto volume de investimentos do setor privado ao longo do ano. O boletim aponta para investimentos de R$ 78 bilhões, "o que equivale a um crescimento de 2,3% do investimento, com impacto de 0,45% no PIB", diz o boletim.
Na avaliação do secretário de Política Econômica Pedro Calhman a perspectiva é positiva.
"A projeção do PIB foi revisada para baixo, em grande parte devido a fatores técnicos, estatísticos ligados aos números do PIB no ano passado. A guerra da Ucrânia também teve impacto. Mas olhando para frente, os fundamentos que vêm sustentando nossa previsão de crescimento do PIB em 2022 continuam presentes: são a recuperação do emprego e o aumento do investimento", disse.
Perspectiva
A equipe econômica disse ainda que monitora os impactos do conflito na Ucrânia, especialmente nas cadeias globais de valor, que já apresentam gargalos devido à pandemia do novo coronavírus (covid-19).
"Adicionalmente, o risco da pandemia sobre o crescimento econômico e a inflação continuam sendo avaliados", diz o documento.
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Esteves Colnago, defendeu a política econômica do governo calcada no binômio consolidação fiscal e reformas pró-mercado. Colnago citou a relação da dívida bruta em relação ao PIB como um dos resultados. Atualmente, a projeção sinaliza para uma tendência de queda, passando de 84% em janeiro, para 82,7% em março.
O secretário disse ainda que é importante manter a consolidação fiscal para que, no médio e longo prazos, o país possa ter condições mais favoráveis para os investimentos e para a redução da taxa de juros.
"Estamos de novo em um ano desafiador e temos que ver como vamos caminhar daqui para a frente", disse.