O crescimento do PIB do Brasil, segundo o Economic Outlook da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é impulsionado pelo consumo doméstico, investimento privado e exportações. “A despesa das famílias é impulsionada por transferências sociais mais elevadas e um crescimento vigoroso do emprego, mas que diminuirá no próximo ano”, diz o relatório.
Os pesquisadores da OCDE acreditam que a política monetária brasileira deverá se manter restrita, e mantêm a taxa de juros em 13,75% até meados de 2023. “As taxas de juro de referência podem ser reduzidas assim que as pressões inflacionistas diminuírem ainda mais. A política fiscal tem sido expansionista e tem contribuído para as pressões inflacionárias ao aumentar a demanda”.
Para a OCDE, uma estratégia de consolidação é necessária para reduzir o déficit e restaurar a credibilidade do quadro fiscal. Reduzir a rigidez orçamentária e limitar os gastos obrigatórios do governo melhoraria a eficiência dos gastos. “Uma melhor gestão do investimento em infraestrutura pública, reforma das transferências sociais, maior sustentabilidade e incentivos para o setor agrícola poderiam impulsionar o crescimento potencial, ao mesmo tempo em que melhorariam as finanças públicas”.
O Brasil apresentou uma atividade econômica que acelerou no primeiro e segundo trimestres com crescimento acima do esperado de 1,1% e 1,2%, respectivamente, mas que enfraqueceu no terceiro. “O índice principal para manufatura aponta para um pequeno declínio agregado impulsionado por intermediários e bens não duráveis, mas a maioria dos setores manufatureiros continuou crescendo”.
Para os estudiosos da OCDE, é necessária uma revisão do quadro fiscal brasileiro. “O cumprimento do atual quadro fiscal torna-se cada vez mais difícil devido ao conflito inerente entre uma regra fiscal que limita o aumento dos gastos do governo e a rigidez orçamentária, como obrigatoriedade as regras de gastos afetam cerca de 92% do orçamento”.
No quesito energético, o relatório aponta que o Brasil tem um bom mix de energia limpa, com 86% da eletricidade vindo de fontes hidrelétricas e biomassa, mas que isso trouxe um outro problema. “A forte dependência da energia hidrelétrica mostrou limites em 2021, quando as secas reduziram os níveis dos reservatórios, exigindo investimentos mais fortes em outras fontes renováveis, como o vento e as fontes solares, que apresentam um potencial inexplorado significativo”.
A OCDE aponta que o investimento público em infraestrutura no Brasil é baixo comparado com outros países. “Existem grandes lacunas de infraestrutura em transporte, água e saneamento. Aumentar o investimento em infraestrutura de alta qualidade e amplamente acessível aumentaria a produtividade e o crescimento potencial e contribuiria para a mitigação e adaptação ao clima”, conclui o relatório.