Com baixa adesão dos professores de Dourados ao movimento grevista anunciado para semana que vem em Dourados, a direção do Simted (Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação de Dourados) está colocando em prática um plano maldoso de mobilização que prejudica alunos e pais que estudam e dependem de Rede Municipal de Ensino.
Uma professora, membro da diretoria do Sindicato, em áudio postado em grupos de Whats App, fala claramente e sem rodeios da estratégia a ser adotada na próxima semana durante o movimento grevista anunciado pela categoria. O áudio trata sobre assuntos sensíveis: reposição de aula, serviços de merenda e limpeza e o que pode ser considerado o mais grave, que é o improviso elaborado e premeditado durante as aulas das crianças.
Na gravação, a membro da diretoria do Sindicato manda mensagem para uma professora. "Não repõe, não repõe (as aulas perdidas). Eu sou do maternal 1 e você é do maternal 2. Na semana que eu estou na greve eu faço meu planejamento e a gente já combina antes que é você que vai ficar com minha turma. Sim, é desgastante, é. Vai juntar turma, vai pro parque, sei lá eu. Como diz o João, vai virar um caos. Mas é esse o plano, entendeu? Tem que ser. Tá atendendo 100%, ninguém dispensou as crianças", diz a representante do Simted no início da gravação.
E ela continua orientando a colega de como burlar o planejamento das aulas: "Eu deixo meu planejamento, atividade, o que for impresso e o que não for (...). O que for de planejamento tá registrado no meu caderno, tá impresso e eu deixo com você (...). Nessa semana você vai dar atividade para a minha turma, com o planejamento que eu fiz, lógico que a gente planeja atividade parecida, tudo isso daí (...). Na semana seguinte você vai pra greve e eu fico. Você faz seu planejamento e você me entrega e deixa regitrado no seu caderno (...). A dupla ou trio (de professores) combina isso, combina como vai ser e aí deixa registrado no caderno. Não repõe nada, não repõe", continua a gravação.
A armação, além de prejudicar os alunos com o conteúdo aplicado de forma improvisada contraria a Lei, pois o professor que não dá aula não pode receber pelo serviço se realmente não trabalhou. O fato é gravíssimo, pois a Prefeitura de Dourados estaria pagando pelo horário trabalhado do profissional sem ele realmente ter prestado o serviço. Além de burlar a legislação quem paga por isso é o contribuinte, ou seja, a população de Dourados.
E não para aí, o esquema proposto pela diretora também atinge os administrativos da Educação. " Administrativo a mesma coisa: tem o dia da cozinha e o dia da limpeza. No caso da cozinha a gente vai ter que ver o que fazer. Mas assim, dia da limpeza, ah então, hoje é a semana que a limpeza tá em greve? Não vai limpar, não va limpar, simples assim, não é pra quem ficar ter que se desdobrar e fazer as duas partes. Não é isso. A gente só tem que ver como vai fazer com o Ceim (Centro de Educação Infantil Municipal) com relação a refeição. Vamos pensar nisso, mas é ideia é essa: É pra limpar? Não limpa. É pra varrer? Não varre. (...) É pra fazer cada qual seu trabalho, ninguém repõe, porque todo mundo fez sua parte. Ninguém repõe.
A atual gestão não tem por hábito, compensar ou abonar faltas dos professores. O entendimento é que o aluno da Rede Municipal não pode ser prejudicado e por isso, caso a greve realmente aconteça, como no ano passado, as aulas terão que ser dadas nem que seja em dezembro ou janeiro do ano quem para o cumprimento do ano letivo.
Aumento de 25%
O movimento é mais uma pressão do Sindicato, que decidiu ignorar o reajuste de quase 25% no salários dos professores nos últimos dois anos. Com a proposta de 6% de reajuste este ano, somado aos 18,86% do ano passado, os profissionais da educação conquistaram um reajuste equivalente a 1/4 do salário em apenas dois anos, aumento considerado inédito em Dourados se comparado com a média histórica.