Gisely Duarte Galeano, de 35 anos, que morreu por volta das 11h40 de quarta-feira (28/2), no Hospital da Cassems, em Dourados, após ser agredida pelo marido Fernando, de 35 anos, passou por um transplante de rim em 2019, na Santa Casa de Campo Grande.
Na época, em entrevista a um portal de notícias da Capital, a vítima que morava em Ponta Porã, cidade que faz fronteira seca com o Paraguai, contou um pouco da trajetória desde o diagnóstico da doença renal até o transplante.
O problema renal da paciente começou em 2017 quando ainda morava em Dourados e sua vida em desenvolvimento profissional e pessoal. Na época, os inchaços, as dores (tipo cólica) e falta de ar eram constantes e não cessavam levando a pensar que era por conta do sobrepeso.
Dias depois, ao passar muito mal, Gisely retornou para Ponta Porã, e recebeu o diagnóstico de que um dos rins já estava 100% comprometido.
“Quando descobri a insuficiência renal estava quase morrendo. Estava com inchaços, dores constantes e muita falta de ar e isso foi o que me levou até o hospital de emergência da minha cidade. Quem me levou foi uma amiga e por pouco não morri, estava com zero por cento de oxigênio no cérebro, foi uma grande luta. Com o diagnóstico pensei que iria morrer, pois desconhecia as informações e era tudo muito novo para mim. Cheguei a questionar: quem vai me doar um rim? ”, lembrou a paciente.
Gisely também relembrou durante a entrevista que até o sonhado transplante, foram dois anos de hemodiálise via cateter e peritoneal, dividindo o tratamento entre Ponta Porã e Dourados, até que surgiu a chance de ir a São Paulo para iniciar o acompanhamento pré-transplante, mas que devido ao alto custo, não foi possível dar continuidade.
“Quando meus familiares souberam minha prima se dispôs a doar. Estávamos fazendo o acompanhamento em São Paulo, mas o alto custo me impediu de continuar. Nisso uma amiga me falou da Santa Casa, ela tinha transplantado aqui e disse para eu tentar e assim eu fiz. Depois de muita luta, histórico de parada cardiorrespiratória, mal-estares eu conseguir uma consulta”.
Agressor não aceitava o fim do relacionamento
Como mostrado anteriormente, Gisely Duarte Galeano estava internada no Hospital da Cassems, em Dourados, já há alguns dias, após ser agredida pelo marido Fernando, no município de Bela Vista, onde ele reside.
A vítima também sofreu um aborto devido às agressões e, segundo o boletim de ocorrência, no dia 3 de fevereiro, o homem a agrediu e ela representou criminalmente contra ele. No entanto, como ele não aceitava o fim do relacionamento, entrou em contato com Gisely e pediu para reatar.
Na delegacia, a irmã dela, contou aos policiais que no dia 19 deste mês, ela foi até sua casa, e foi recebida com o portão entreaberto, não conseguindo adentrar na residência. Depois, tentou várias vezes falar com a vítima, mas o telefone ‘dava’ caixa postal.
Já no dia seguinte, Gisely foi encontrada pela irmã, deitada no sofá, vestindo uma calça, vestido por cima e toca – fato que chamou atenção -, e reclamando de fortes dores abdominais. Ela foi socorrida e levada para o Hospital da Cassems de Ponta Porã, onde foi constatado o aborto e um derrame cerebral.
Diante do quadro de saúde, a mulher foi transferida para o Hospital da Cassems, onde estava internada e ontem, no fim da manhã, não resistiu. Consta ainda no registro policial, que ela sofreu duas paradas cardíacas antes da transferência de unidade hospitalar.
O caso foi registrado na DAM (Delegacia de Atendimento à Mulher) de Ponta Porã e até o momento, não há informações sobre o autor das agressões, que deverá responder por feminicídio, entre outros crimes.