Durante a solenidade de inauguração do 1º Samu Indígena do Brasil, na manhã de sábado (9) e diante do titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) do Ministério da Saúde, Weibe Tapeba, o prefeito Marçal Filho apontou as ações que a Prefeitura de Dourados tem realizado nas aldeias Jaguapiru, Bororó e Panambizinho. O prefeito também cobrou a mobilização do governo federal, através do Ministério da Saúde, para levar infraestrutura de saneamento básico, rede de distribuição de água potável e asfalto para a Reserva Indígena, que abriga hoje mais de 18 mil pessoas, população maior que a da metade dos 79 municípios de Mato Grosso do Sul.
O prefeito iniciou sua fala apontando os desafios que foram superados para tornar o Samu Indígena uma realidade. “Quando tomamos posse, há pouco mais de 7 meses, ficamos sabendo que essa ambulância destinada ao Samu Indígena estava estacionada num barracão em Campo Grande há quase 1 ano, ou seja, esse importante serviço de atendimento móvel de urgência que estamos inaugurando hoje poderia ter sido colocado à disposição dos mais de 18 mil guaranis, caiuás e terenas que habitam a Reserva Indígena de Dourados já no ano passado”, observou Marçal Filho.
Segundo o prefeito, essa realidade não mostra apenas a morosidade, a falta de compromisso, a omissão e a irresponsabilidade da gestão anterior, mostra, principalmente, que se a prefeitura não fizer a parte dela, nada acontece. “Não adianta o Ministério da Saúde enviar ambulâncias do Samu se a Prefeitura não oferecer condições para que o serviço entre em operação, como nossa equipe conseguiu fazer, e isso vale para todos os demais serviços”, enfatizou. “A prefeitura é fundamental para que as políticas públicas do Governo Federal e do Governo Estadual saiam do papel”, completou Marçal Filho.
O prefeito explicou que os programas sociais desenvolvidos em parcerias com a União e o Estado chegam às comunidades indígenas através dos Centros de Referência de Assistência Social, os CRAS, e em Dourados a Prefeitura atende as aldeias Bororó, Jaguapiru e Panambizinho. “São programas como o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família; Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos; serviços de atendimento do Cadastro Único, todos indispensável para que as famílias tenham acesso a diversos benefícios sociais”, ressaltou.
Números apresentados por Marçal Filho revelam que somente nos primeiros seis meses da atual gestão a Aldeia Panambizinho recebeu mais de 600 atendimentos com equipes do PAIF, CAD Único e Passe Livre, com a doação de 80 cestas básicas mensais, além de 450 atendimentos com fortalecimento de laços e 300 reuniões socioeducativas. O Cras Indígena realizou nas aldeias Bororó e Jaguapiru, somente no primeiro semestre, 510 acompanhamentos familiares, 948 atendimentos particularizados, 1.680 atendimentos de recepção, distribuiu 120 cestas básicas mensais e fez 98 reuniões socioeducativas.
Além das três aldeias, as equipes volantes da Assistência Social também atenderam as comunidades indígenas do “Nnu Porã” e do “Passo Piraju” com 15 acompanhamentos, 360 atendimentos particularizados e distribuição de 110 cestas básicas por mês. A Prefeitura de Dourados mantém o atendimento no CRAS Indígena e também leva atenção de saúde as famílias indígenas através das Unidades Básicas de Saúde nas aldeias Jaguapiru e Bororó. Os médicos e dentistas da Prefeitura atendem mais de 200 pessoas todos os dias, proporcionando acolhimento e atenção de saúde integral.
Agricultura e educação
O prefeito Marçal Filho mostrou também que somente no primeiro semestre da atual gestão, a Secretaria Municipal de Agricultura Familiar preparou terras para 130 famílias indígenas das Aldeias Jaguapiru e Bororó, que cultivam produtos para o consumo próprio ou comercializam para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que o Governo Federal tem em parceria com a Prefeitura de Dourados. “Esses alimentos vão para a merenda escolar de nossas crianças”, enfatizou Marçal. “Por meio da Secretaria de Agricultura Familiar, a comunidade indígena passou a ter portas abertas nas feiras que temos na cidade, na comercialização de seus produtos, seja de alimentos orgânicos ou artesanato”, prosseguiu. “A gente cuida com amor e constrói com trabalho também nas aldeias indígenas de Dourados”, completou o prefeito.
De acordo com Marçal Filho, as máquinas da Prefeitura de Dourados trabalham na Reserva Indígena na recuperação das estradas, aberturas de novas vias de tráfego, cascalhamento, tudo para garantir a mobilidade das famílias e a segurança dos estudantes que usam o transporte escolar, que também é fornecido pela prefeitura. “Hoje a Prefeitura de Dourados mantém 7 escolas funcionando dentro da Reserva Indígena de Dourados, com 3.591 alunos matriculados, bem atendidos e recebendo Educação de qualidade”, enfatizou.
Segundo o prefeito, fica fácil constatar que a Prefeitura de Dourados está muito presente nas aldeias. “Esse exemplo poderia ser seguido pelo Governo Federal, com melhorias no sistema de fornecimento e distribuição de água potável. É inadmissível que as famílias que habitam as aldeias Bororó e Jaguapiru ainda sofram com a falta de água”, afirmou Marçal Filho durante o discurso de inauguração do Samu Indígena. “Da mesma forma é impensável que a maior Reserva Indígena Urbana do Brasil, que abriga mais de 18 mil indígenas, não tenha um metro de rede coletora de esgoto”, argumentou.
O prefeito concluiu seu discurso falando direto para o Governo do Federal. “Na nossa Reserva Indígena falta saneamento básico, falta moradia digna, falta infraestrutura de pavimentação asfáltica, galerias de águas pluviais, calçadas, enfim, falta tudo que deveria ser assegurado pela União”, enfatizou. “Portanto, senhor secretário nacional de Saúde Indígena, Weibe Tabeba, é uma honra receber o senhor nesta manhã gelada de inverno para inauguração do 1º Samu Indígena do Brasil, mas peço que o senhor leve ao Governo Federal, em especial ao Ministério da Saúde, nosso pedido para que Brasília acabe com a falta d’água nas nossas aldeias; para que invista em saneamento básico; para que construa mais moradias dignas; para que melhore a infraestrutura e proporcione mais dignidade e cidadania a nossos irmãos índios”, finalizou Marçal Filho.