Nesta segunda-feira (6), às 9h, acontece em Dourados o lançamento do livro "Guyra guahu ha mymba ka'aguy ayvu – Cantos dos animais primordiais", do rezador Ava Ñomoandyja Atanásio Teixeira, um dos mais importantes ñanderu ou rezador do povo Kaiowá em atividade.
O livro, em edição bilíngue Guarani-Português, apresenta 26 histórias de aves e outros animais da mata, acompanhados pelos cantos guahu que cantam sua história desde o princípio dos tempos. Registrados e traduzidos de forma colaborativa pelo pesquisador Izaque João, esses guahu fazem parte de um conjunto maior de cantos-rezas-danças tradicionais do povo Kaiowá que podemos traduzir como "cantos míticos".
Além da presença do autor e do tradutor, a atividade de lançamento conta também com a participação de três pesquisadores kaiowá: Clara Barbosa Almeida (Mboy Jeguá), da Kuñangue Aty Guasu; Eliel Benites (FAIND/UFGD), do Movimento de Professores Kaiowá e Guarani, e Tonico Benites, do Aty Guasu. O evento acontece no campus de Dourados (MS) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e através de transmissão ao vivo pelo canal do CEPEGRE/UEMS.
Lançamento do livro com a participação do autor e tradutor
06/06/22, segunda-feira, às 9h
Local Anfiteatro do Bloco A UEMS/Dourados, Cidade Universitária, Dourados, MS
Comentários Clara Barbosa Almeida (Mboy Jeguá) - Kuñangue Aty Guasu, Eliel Benites - FAIND/UFGD - Movimento de Professores Kaiowa e Guarani, Tonico Benites - Aty Guasu
Transmissão ao vivo pelo canal do CEPEGRE/UEMS:
https://www.youtube.com/channel/UCYDn-X-0kUdVGBd39y7kz-Q/featured
Realização Grupo de Estudos em Antropologia: Modos de existências e suas variações; UEMS/CEPEGRE; LAS/PPGAnt/UFGD; Editora Hedra
Apoio Casa da Cultura UEMS; Coletivo de Comunicadores Indígenas; Grupo de Pesquisa Etnologia e História Indígena (UFGD/UEMS); DiVerso : pesquis(ações) sob(re) resistências sociais; PPGET/UFGD; PPGG/UFGD; e Rede de Saberes UEMS.
Sobre a obra
Cantos dos animais primordiais apresenta 26 histórias de aves e outros animais da mata, acompanhados pelos cantos guahu que cantam sua história desde o princípio dos tempos. Esses guahu fazem parte de um conjunto maior de cantos-rezas-danças, conforme denominado pelo xamã e autor, que podemos traduzir como “cantos míticos”. As narrativas e explicações que acompanham os cantos foram elaboradas por Izaque João, a partir de falas e orientações de Atanásio Teixeira ao longo dos últimos seis anos. Os processos de seleção, transcrição e tradução para esta edição bilíngue também foram feitos em diálogo com o xamã e as versões em português dos textos e cantos guahu são um exercício de aproximação a suas belas palavras.
Sobre o autor
Ava Ñomoandyja Atanásio Teixeira (1922) é um dos mais importantes ñanderu ou “rezador” do povo Kaiowá em atividade. Nascido em 1922, Ataná é chamado de ñamo?, avô, por lideranças e rezadores de diferentes comunidades kaiowá, pelos quais é reconhecido como mestre. É um dos precursores dos jeroky guasu, as “grandes danças” dos anos 1980, e do movimento histórico pela recuperação dos territórios kaiowá e guarani em Mato Grosso do Sul, a Aty Guasu, “grande reunião”, além de ser reconhecido como um grande xamã também pelos Guarani. O prestígio de Atanásio está, entre outros motivos, ligado ao fato de dominar as mais variadas técnicas ligadas ao xamanismo kaiowá: os ñembo’e, fórmulas verbais de proteção pessoal ou coletiva; os mborahei e guahu, cantos coletivos ligados aos rituais; os diversos tipos de gestos conhecidos como jehovasa — que podem ser utilizados para influenciar as condições climáticas, desviando tempestades, por exemplo; para curar doenças físicas e espirituais; para garantir a sanidade das lavouras e colheitas etc.
Sobre o tradutor
Izaque João, do povo Kaiowá, é professor e pesquisador dedicado ao estudo dos cantos-rezas e conhecimentos tradicionais dos povos Kaiowá e Guarani. Doutorando em Antropologia na Universidade de São Paulo (USP), é também mestre em História pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Vive atualmente na Reserva Indígena de Dourados (MS), onde coordena o Magistério Indígena Ára Verá. Já coordenou pesquisas para organizações como o Museu do Índio (FUNAI) e o Fundo Brasil de Direitos Humanos. É correalizador do documentário Monocultura da fé (2018).
Sobre a coleção
Mundo Indígena reúne materiais produzidos com pensadores de diferentes povos indígenas e pessoas que pesquisam, trabalham ou lutam pela garantia de seus direitos. Os livros foram feitos para serem utilizados pelas comunidades envolvidas na sua produção, e por isso uma parte significativa das obras é bilíngue. Esperamos divulgar a imensa diversidade linguística dos povos indígenas no Brasil, que compreende mais de 150 línguas pertencentes a mais de trinta famílias linguísticas.