Com a epidemia de dengue que tem atingido diversas cidades de Mato Grosso do Sul, um professor universitário desenvolveu uma nova ferramenta de controle contra o Aedes Aegypti. A estratégia é atrair as fêmeas do mosquito até pequenos recipientes com larvicidas, o que impede o desenvolvimento do mosquito até a fase adulta.
Na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), o professor apresenta o projeto “Avaliação de armadilhas disseminadoras de larvicida para controle de Aedes aegypti na Cidade Universitária da UFGD-UEMS em Dourados-MS”. O professor visitante Ricardo Augusto dos Passos explica que metodologia consiste em uma estratégia para atrair fêmeas até ovitrampas com larvicidas à base de hormônios juvenoides sintéticos.
Ovitrampa é um vaso de planta escuro, preenchido com água que fica parada, simulando um local ideal para reprodução do mosquito. Nele, os pesquisadores inserem uma palheta de madeira que facilita a coleta e contagem dos ovos.
“As fêmeas nunca colocam todos os ovos em um mesmo criadouro, ela procura diversos locais. Dados de pesquisas por todo o país mostram que, por mais que se elimine os criadouros que estão nas casas e por mais que se trate, sempre há recorrência, pois algum lugar não foi encontrado, o foco não foi eliminado e está produzindo mosquito. Essa tecnologia vem justamente para tentar fechar essa lacuna, porque o mosquito transporta o larvicida pra esses locais e as larvas serão contaminadas”, explica o professor.
O larvicida utilizado é o Piriproxifem, é seguro e recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Ele faz uma alteração nos hormônios de crescimento do inseto, o que não o mata, mas cria um mosquito defeituoso, que não consegue se desenvolver até a fase adulta e acaba morrendo.
Na etapa do pré-tratamento, foram distribuídas 20 armadilhas ovitrampas em pontos da UFGD e da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), alvos de monitoramento durante sete semanas. Durante esse período, foram encontrados 8 mil ovos do mosquito.
Após esta fase inicial, as estações de monitoramento foram retiradas e substituídas por estações de disseminação. São 30 estações disseminadoras de larvicida que já foram distribuídas na Cidade Universitária. Elas permanecerão nos blocos durante 4 semanas, então a infestação do vetor será novamente monitorada, para saber se as armadilhas surtiram efeito ou não.
O professor Ricardo explica que a metodologia funciona, mas é preciso analisar quanto tempo leva até o resultado. “Será que em uma epidemia, como a que está acontecendo em Dourados, em uma ou duas semanas já se obtém resultado ou leva dois meses, três meses?”, questiona.
Mais armadilhas
Outra estratégia para eliminar o mosquito da dengue é ensinada em uma UBSF (Unidade Básica de Saúde da Família) em Campo Grande. A ‘mosquitoeira’ é uma alternativa para ser feita em casa e evitar a proliferação do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya.
Para a confecção, é necessário ter uma garrafa PET, micro tule ou tela fina, lixa de madeira, fita isolante, alpiste, arroz cru ou ração de gato, utilizados para “nutrir” a água com microorganismos. Depois de pronta, a armadilha vai atrair o Aedes Aegypti e outros mosquitos, que vão depositar seus ovos naquela água. Quando os ovos virarem larvas e depois mosquitos, ficam presos.