As condições climáticas severas persistem em Mato Grosso do Sul, o que contribui para intensificar os incêndios florestais no Pantanal. Os esforços de combate e extinção das chamas são concentrados em oito focos no bioma nesta sexta-feira (2), localizados nas proximidades da fazenda Tupaceretã e Porto do Ciríaco – na região da Nhecolândia –, região do Abobral, Rio Verde, divisa do Estado com a Bolívia, Porto da Manga, Albuquerque e área de adestramento do Rabicho.
Os dois principais incêndios florestais, na região da Nhecolândia e na fronteira com a Bolívia, concentram 34 bombeiros além de brigadistas. Ambos são em áreas de difícil acesso, e a situação climática adversa prejudica as ações de combate. Na Nhecolândia o trabalho é voltado a proteger as sedes das fazendas com atuação em solo e apoio aéreo, o fogo no local teve início na semana passada, provocado por um caminhão que estava atolado.
Mesmo com a situação crítica em relação ao clima, a atuação constante das equipes do CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar) e demais envolvidos na Operação Pantanal 2024 possibilita o controle e eliminação dos focos.
Com a ajuda de tecnologia, é possível a detecção precoce do fogo e a partir daí são realizadas operações complexas para a rápida resposta. A adaptação das estratégias é necessária para enfrentar os desafios impostos pelo fogo e sua propagação, e assim mitigar seu impacto.
“Nós estamos na região de Aquidauana, para traçar algumas estratégias e auxiliar as equipes em campo. As condições climáticas deram uma piorada, as rajadas de vento estão bastante altas na região fazendo com que o fogo avance”, explicou o tenente José Carlos Herculano.
O combate dos focos no bioma terá reforço dos bombeiros de Sergipe. Na segunda-feira (5), 13 militares do estado nordestino chegam ao MS para contribuir nas ações. Na semana passada oito militares especialistas em combate a incêndios florestais de Goiás também foram enviados ao Estado, além de 12 bombeiros do Paraná.
Dificuldades
A Operação Pantanal 2024 atua desde o dia 2 de abril com ações preventivas e na fase de resposta desde o mês de maio. Por conta da situação climática já havia previsão de aumento dos focos de incêndios, que devem crescer a partir deste mês com a intensificação da estiagem.
“Estamos recebendo reforços de corporações e da Força Nacional. Já temos em combate bombeiros de Goiás e do Paraná e mais 13 militares do Sergipe vão vir para o Estado executar combate. O período vai ser longo, estamos no começo de agosto e a estiagem está prometendo mais trabalho no bioma”, disse a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar, responsável pelo monitoramento e ações de combate aos incêndios florestais em Mato Grosso do Sul.
A situação climática prejudica o combate de diferentes maneiras. “Estamos com várias frentes de combate no bioma. Na semanada passada sobrevoei a região do Rio Negro com o grande incêndio que tinha 16 km de extensão, que começou com o caminhão que pegou fogo e continua ativo. Temos mais de sete guarnições neste local com suporte de combate aéreo e o fogo está avançando, com ameaça de entrar no Parque Estadual do Rio Negro. Nós providenciamos aceiros, são várias lagoas, é um terreno difícil de acessar, área que dificulta entrada guarnições”, explicou a tenente-coronel.
Na região da Serra do Amolar, o incêndio originado na Bolívia entrou no Brasil e também avança sobre o bioma. “As equipes foram deslocadas da base avançada da barra do São Lourenço. Iniciamos o combate esta semana, a área é vasta e enquanto eram feitos aceiros houve uma mudança do vento. A técnica empregada precisou ser refeita. Além disso, ocorreu um redemoinho de fogo. E por conta disso, a guarnição foi cercada e teve que fazer uma evacuação de emergência, porque poderia acontecer também um acidente com nossos combatentes”, disse a diretora do CBMMS.
Previsão
A situação climática deve se manter no início do mês de agosto, pelo menos até o dia 7, em Mato Grosso do Sul. “A previsão é de condições de tempo firme, com sol e poucas nuvens. As temperaturas seguem estáveis e acima da média, entre 34°C e 37°C, com umidade baixa entre 10% e 30%. Tudo isso é favorável para ocorrência de incêndios florestais”, explicou a meteorologista Valesca Fernandes, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima).
A partir deste mês, tem início o período mais crítico em relação a ocorrência de incêndios florestais. “Entre agosto e setembro ocorrem os maiores incêndios florestais e as condições previstas são favoráveis para o fogo. Até outubro a região pantaneira e sudoeste está em alerta e as demais em atenção e observação. Há probabilidade de chegada de uma frente fria, entre 7 e 9 de agosto, que favorece o aumento da nebulosidade, leva queda nas temperaturas e pequena chance de chuva em Porto Murtinho”, finalizou Valesca.