Maria Cleo de Brito Silva embarcou no dia 28 de fevereiro
A policial militar da reserva Maria Cleo de Brito Silva, 44 anos, de Dourados, teve que esperar doze anos até um retorno a Portugal, para fazer turismo no continente europeu e reencontrar amigos da época em que viveu fora do Brasil. Embarcou em 28 de fevereiro, só não imaginou que sua viagem tão planejada fosse se transformar num drama.
Hospedada na casa de amigos, na capital portuguesa, em um país atordoado pela pandemia do coronavírus, cumprindo confinamento e com quase tudo fechado, ela revela a via crucis que começou nos últimos dias tentando garantir seu retorno ao Brasil. Ela diz que viajou porque não imaginava que a situação se agravaria tanto. “Você compra o vôo, se programa, não imaginava que poderia tomar essa proporção.”
Cleo conta que há centenas de brasileiros, ou talvez mais de mil, como ela, amedrontados com a falta de respostas das companhias aéreas, que cancelaram seus vôos sem aviso prévio. Além das brasileiras Latam e Azul, e a portuguesa TAP, há ainda companhias de outros países que embarcariam brasileiros em Lisboa.
Segundo a militar, muitos estão se articulando, após estabelecerem contato através da página da Embaixada do Brasil em Portugal no Facebook, que todos passaram a visitar e registrar seus relatos em busca de ajuda. Eles esperam que, reunindo esforços, o Ministério das Relações Exteriores se apresse em buscar uma solução.
Ontem, três vôos privados deixaram Portugal com mil brasileiros, sendo dois fretados por uma operadora de turismo, e o governo ainda enviou dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) ao Peru para buscar brasileiros retidos no país sul-americano.
É a resposta que espera o grupo em Portugal. Cleo conta que está entre amigos, mas ouviu relatos de pessoas que estão em hotéis, alguns com dinheiro já acabando, e não tem como acolhê-los.
Ela revelou que a passagem de volta estava marcada para 31 de março. Com o cancelamento, semana passada reuniu toda sua bagagem e foi ao aeroporto tentando conseguir embarcar em algum vôo que partisse para o Brasil, o que não surtiu efeito. Assim como ela, há dezenas de brasileiros fazendo o mesmo e os vôos saem lotados.
O soldador de plataforma de petróleo Valdir Alves de Oliveira integra o grupo formado com Cléo, que se une para cobrar ajuda do governo. Morador do interior de São Paulo, ele conta que viajou a Portugal com a esposa para reunir a documentação do tempo em que trabalhou naquele país para contagem do prazo para aposentadoria. Ele contou que está hospedado em um hotel e vive a angústia de ver seus recursos minguarem, temendo caso a situação dure muitos dias.
Itamaraty- A Embaixada recomendou a todos que reclamaram da falta de vôos em sua página na rede social que preenchessem um formulário, informou que encaminharia as reclamações contra as companhias aéreas para as autoridades adotarem providências e afirma que segue negociações tentando repatriar os brasileiros em Portugal.
Ontem circulou na imprensa a informação de que uma medida provisória asseguraria ao Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, um crédito de R$ 50 milhões para o fretamento de aviões. Há relatos de brasileiros isolados em vários países, incluindo o Equador, França, entre outros.
Fonte: campograndenews