Irrigar com responsabilidade para alimentar o Brasil e o mundo. Esse é um dos focos principais da Rede Nacional da Agricultura Irrigada (Renai), que se reuniu nesta semana com a equipe de transição do Governo Federal para falar das pautas fundamentais para o avanço do sistema de irrigação no Brasil.
Enfrentar os desafios da necessidade de aumento de produção agrícola e o desenvolvimento sustentável da agricultura irrigada brasileira, visando segurança alimentar e ambiental, sustentabilidade do agronegócio e redução da fome e da pobreza no Brasil e no mundo. Esses princípios regem o documento entregue ao vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), líder da equipe de transição do governo, que se mostrou aberta ao tema e disposta a negociar formas de tornar possível a ampliação consciente do uso da irrigação no país.
A Renai foi idealizada em 2020 e vem tomando forma desde então, sendo oficializada em 2022. O grupo é constituído por representantes de associações de irrigantes, de polos de irrigação, de nichos da agricultura que dependem da irrigação e da indústria. O Instituto Brasileiro do Feijão, Pulses e Colheitas Especiais (Ibrafe) faz parte do Renai, representando o feijão e as demais pulses. A entidade atua em várias frentes, buscando incentivar estudos e o uso de tecnologias que proporcionem mais segurança ao uso racional da água, fazendo um contraponto à desinformação sobre a irrigação.
“Sem irrigação não terá alimento suficiente. A produtividade fica maior em área irrigada, evitando inclusive o aumento das áreas de desmatamento. Essa é uma pauta de suma importância, que reúne todos os setores que dependem da água. Estamos em busca de colaborar e incentivar para que novas tecnologias garantam possamos produzir assegurando a segurança alimentar da população de hoje e do futuro”, enfatiza o presidente do Ibrafe, Marcelo Eduardo Lüders.
Dificuldades do setor da agricultura irrigada
Apesar de seu alto potencial tecnológico para a melhoria na quantidade e qualidade alimentar, a irrigação sofre pelo alto índice de desinformação, que dificulta o avanço de novas áreas de cultivo irrigado. De acordo com o Atlas de Irrigação 2021, publicado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o Brasil tem potencial para aumentar sua área irrigada em 4,7 milhões de hectares. No entanto, em 2021 o total irrigado no país foi apenas de 370 mil hectares.
O déficit de conhecimento favorece a polarização entre os usuários de recursos hídricos, que ao invés de cooperarem entre si, entram em disputas. Água é sinônimo de diálogo, de compartilhamento e de integração. Não deve ser geradora de conflitos, mas sim de oportunidade para o desenvolvimento.
“Muitos não tem noção do quanto a irrigação é importante para todo o tipo de cultivo, desde as flores até os alimentos. Todos os alimentos dependem de água e o uso racional faz com que a produção aumente sem prejuízo ao meio ambiente”, complementa Lüders.
Segurança alimentar é preocupação do Renai
O documento criado pelo Renai explica que o planeta precisa se preparar para alimentar 10 bilhões de pessoas até 2050. Neste contexto, há a necessidade de aumentar a produção de alimentos em pelo menos 60% no mesmo período, ao mesmo tempo em que a redução do desmatamento e a preservação ambiental são preocupações mundiais de primeira ordem.
A irrigação, quando realizada de forma sustentável, complementa a demanda hídrica das culturas não atendida pela chuva, trazendo estabilidade à produção de alimentos. O processo de irrigação é, sem dúvida, a tecnologia com maior potencial de contribuir para o aumento da segurança alimentar e ambiental, bem como para redução da fome e da pobreza, além de gerar grande número de empregos.
O sistema traz benefícios importantes relacionados à produção de alimentos, à geração de empregos, ao desenvolvimento social e ao meio ambiente e, de tal forma, é uma tecnologia fundamental em qualquer planejamento estratégico de Estado.