A cantora Vanusa morreu na manhã deste domingo (8), em uma casa de repouso em Santos, no litoral de São Paulo. Um enfermeiro do local, onde a artista morava há dois anos, percebeu que ela estava sem batimentos cardíacos, por volta das 5h30. Uma equipe da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) foi acionada e constatou que a causa da morte foi uma insuficiência respiratória.
Segundo funcionários da casa de repouso, Vanusa recebeu a visita de Amanda, sua filha mais velha ontem (7). Ela cantou, brincou, riu e se alimentou bem. A artista fazia fisioterapia e outros tratamentos na residência para idosos.
Em setembro e outubro, Vanusa esteve internada no Complexo Hospitalar dos Estivadores, em Santos, por causa de um quadro grave de pneumonia.
Aretha Marcos, também filha de Vanusa, publicou homenagens à mãe nas redes sociais. Em uma delas, ela relembrou que, neste domingo, seu pai, Antônio Marcos, completaria 75 anos.
"O amor é impossível. Hoje, aniversário do meu pai, Antônio Marcos ele veio buscar minha mãe para viverem juntos na eternidade. A vida é arte!"
O filho Rafael Vannucci, ator, cantor e produtor de eventos, mora em Goiânia e está viajando para São Paulo para encontrar a família.
Cenário musical
Após a morte da cantora, Mauro Ferreira, jornalista e crítico de música, fez uma retrospectiva da carreira da cantora. Segundo ele, Vanusa teve importância especialmente na década de 70.
Ele também falou sobre a importância da cantora na cena musical brasileira e sua veia feminista. "Vanusa foi uma pioneira, ela foi empoderada. Ela sempre defendeu isso quando o mundo era mais machista, poucas mulheres tinham voz ativa na música brasileira como compositoras, sobretudo", disse Ferreira.
Carreira
Vanusa Santos Flores nasceu em 22 de setembro de 1947 na cidade de Cruzeiro (SP), mas foi criada em Uberaba (MG). Com mais de 20 discos lançados ao longo da carreira e 3 mais de milhões de cópias vendidas, a cantora e compositora era mais identificada com a canção popular do que com a MPB, mas flutuou entre gêneros como rock, funk americano e samba.
Aos 16 anos, cantava com o grupo Golden Lions. Em 1966, fez sucesso com a canção “Pra nunca mais chorar” e passou a se apresentar na TV Excelsior.
Na mesma época, participou das últimas edições do programa da Jovem Guarda. Pouco depois, se juntou ao elenco do programa humorístico “Adoráveis trapalhões”, com Renato Aragão.
Nos anos 1970, emendou sucessos como “Manhãs de setembro”, que escreveu em parceria com seu parceiro frequente Mário Campanha, e baladas como "Sonhos de um palhaço", de Antonio Marcos e Sérgio Sá, e "Paralelas", de Belchior.
Em 1972, se casou com Antonio Marcos. O cantor participou diretamente da carreira de Vanusa com outras músicas, como “Coração americano”, escrita com Fagner.
A música faz parte de um dos melhores discos da cantora, “Amigos novos e antigos”, lançado em 1975. Na mesma década, ela ainda esteve no elenco de montagem do musical “Hair”.
Em 1977, lançou com o cantor Ronnie Von o LP “Cinderela 77”, trilha sonora da novela com o mesmo nome da TV Tupi.
Nas décadas seguintes, manteve a carreira ativa com o lançamento de discos e participações em diversos festivais de música no país e no exterior, como Uruguai, Coreia do Sul e Chile.
Em 2005, participou ainda de eventos e shows comemorativos dos 40 anos da Jovem Guarda.
Em 2009, Vanusa foi convidada para cantar o hino nacional em um evento na Assembleia Legislativa de São Paulo. Um vídeo que mostra a cantora trocando palavras da letra se tornou viral na internet. Na época, ela contou que remédios para labirintite a deixaram desorientada na ocasião.
Pouco tempo depois, Vanusa sofreu um acidente doméstico, segundo ela. também provocado pela labirintite. Por causa da queda, a artista precisou se submeter a três cirurgias na clavícula.
Vanusa contou sua vida na autobiografia “Ninguém é mulher impunemente” e no monólogo musical “Ninguém é loura por acaso”, que estreou no teatro em 1999 em São Paulo.