Mercado permanece com as atenções divididas entre o clima nos EUA, a finalização da colheita sul-americana e demanda chinesa; Foto: Luiz Henrique Magnante/Embrapa
Acompanhe abaixo os fatos que deverão merecer a atenção do mercado de soja nesta semana. As dicas são do analista Luiz Fernando Gutierrez Roque, da consultoria Safras & Mercado.
– O mercado da soja permanece com as atenções divididas entre o clima para a evolução do plantio e desenvolvimento inicial da nova safra dos Estados Unidos, a finalização da colheita e consolidação da safra sul-americana e movimentos da demanda chinesa no mercado internacional. Além disso, no lado financeiro, o conflito entre Rússia e Ucrânia, a situação da Covid-19 na China e os movimentos de juros nas principais economias mundiais fecham o quadro de fatores.
– Os trabalhos de plantio da nova safra norte-americana continuam evoluindo em ritmo mais lento que a média de cinco safras no cinturão produtor dos EUA. Apesar disso, não há grandes problemas relacionados à umidade dos solos nos principais estados produtores. Neste primeiro momento, o que chama a atenção do mercado são os atrasos na semeadura do milho, o que aumenta a possibilidade de o cereal não atingir toda a área estimada dentro da janela ideal, abrindo espaço para maiores transferências de áreas para a soja. Tal fato, se confirmado, pode pesar sobre Chicago mais à frente.
– Os mapas de previsões climáticas apontam para um clima pouco úmido na maior parte do cinturão produtor no período entre os dias 6 e 12 de maio, o que pode ajudar na recuperação dos atrasos da soja e do milho. Daqui para frente, atenção aos mapas climáticos. Esperamos por um mercado climático bastante volátil.
– No Brasil, os trabalhos de colheita avançam para a reta final. Com a colheita finalizada no Centro-Oeste e no Sudeste, restam poucas áreas a serem colhidas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto no Sul parte dos atrasos foram recuperados no Rio Grande do Sul na última semana. Apesar dessa recuperação, a colheita gaúcha revela que as perdas produtivas são ainda maiores que as estimadas inicialmente, o que nos levou novamente a reduzir o potencial produtivo do estado. Tal fato deve levar a safra brasileira para uma produção de 122,3 milhões de toneladas, abaixo das 125 milhões previstas no relatório de março. De qualquer forma, as perdas brasileiras já estão precificadas em Chicago.
– Na Argentina, a colheita avança em ritmo satisfatório, enquanto as chuvas registradas a partir de março trouxeram um importante alívio no estresse hídrico das principais províncias produtoras, impedindo o avanço das perdas. Por conta disso, o mercado continua trabalhando com uma safra argentina de 42 milhões de toneladas. Aparentemente, não há espaço para grandes mudanças neste número.
– A demanda chinesa pela soja norte-americana continua firme em meio as perdas produtivas da América do Sul. Apesar de não termos visto novas vendas recentes, novos anúncios devem ocorrer nas próximas semanas. Atenção à questão envolvendo os lockdowns na China. Se importantes portos recebedores de soja pararem, pode haver atrasos de embarques e cancelamentos de compras, o que pode pesar sobre Chicago.