Atrasos no plantio do milho podem provocar migração de área nos EUA; confira as dicas da consultoria Safras & Mercado; Foto: CNA
O mercado da soja permanece dividindo suas atenções entre o clima para o avanço do plantio e desenvolvimento inicial da nova safra dos Estados Unidos, sinais de demanda pela soja norte-americana e finalização da colheita da América do Sul. No lado financeiro, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação econômica global e o aparente fim do lockdowns na China adicionam volatilidade extra aos mercados.
Acompanhe abaixo os fatos que devem merecer a atenção do mercado de soja nesta semana. As dicas são do analista Luiz Fernando Gutierrez Roque, da consultoria Safras & Mercado:
– Os trabalhos de plantio da nova safra dos EUA voltaram a esboçar uma recuperação na semana passada, amparados por um clima menos úmidos sobre a maior parte dos principais estados do cinturão produtor. A baixa umidade permitiu um avanço mais rápido das máquinas, resultando em uma recuperação interessante de parte dos atrasos acumulados. Até o dia 15 de maio, 50% da área estava plantada, contra uma média de 55% das últimas cinco safras. Os atrasos na soja não chegam a trazer grande preocupação, visto que a janela para plantio se estende até meados de junho.
– Neste momento, o que chama mais a atenção é a situação do milho. O clima também permitiu uma boa recuperação dos atrasos acumulados, mas há dúvidas se haverá tempo para a semeadura de toda a área destinada ao cereal. Isso porque nesta semana houve o retorno de umidade elevada para boa parte do cinturão produtor, o que deve ter voltado a atrapalhar o avanço das máquinas. Se até o dia 12 de junho (já fora da janela ideal) a área de milho não tiver sido totalmente semeada, pode haver migrações de áreas para a soja, o que traria um potencial produtivo ainda maior para a safra da leguminosa.
– O relatório do USDA de evolução do plantio deverá trazer um avanço mais lento para soja e milho no próximo dia 30. Apesar disso, o clima nos próximos dias será menos úmido, o que deve voltar a possibilitar um melhor avanço das máquinas. É importante destacar que o clima, até o momento, é positivo para o desenvolvimento inicial das lavouras de soja e milho já semeadas. De qualquer forma, continuamos esperando muita volatilidade para Chicago frente ao mercado climático norte-americano.
– No Brasil, os trabalhos de colheita estão virtualmente finalizados, enquanto na Argentina as máquinas começam a avançar para a reta final. A safra sul-americana já está precificada em Chicago, e não deve haver novos ajustes importantes nas produções.
– A demanda chinesa pela soja dos EUA continua sendo o principal fator de sustentação para Chicago. Novas compras devem anunciadas nos próximos dias. Além disso, a demanda por esmagamento também deve continuar firme nos EUA. Esperamos que o USDA volte a trazer um corte nos estoques finais dos EUA em seu relatório de junho, mesmo que de forma pontual, o que pode manter a sustentação dos contratos mais curtos.