A 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP28) será realizada entre os dias 30 de novembro e 12 de dezembro de 2023, nos Emirados Árabes Unidos, em Dubai. O evento reunirá líderes de mais de 190 países para discutir estratégias de combate ao aquecimento global.
Neste ano, a grande preocupação é transformar promessas em ações. Para isso, a presidência do evento definiu quatro temas prioritários para a conferência: acelerar a transição energética; resolver o problema do financiamento climático; focar na natureza, nas pessoas e na vida; além de promover a inclusão completa.
Também há a expectativa de que esta COP seja muito importante por lançar o primeiro Global Stocktake, uma espécie de inventário sobre o que já foi feito para cumprir as metas do Acordo de Paris, firmado há oito anos durante a COP21. O principal objetivo do acordo era reduzir consideravelmente as emissões dos gases de efeito estufa que causam o aquecimento global.
E a intenção agora é entender o quanto já se avançou neste sentido globalmente, além de propor ações para acelerar o cumprimento dessa meta até 2030.
Neste contexto, o Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como um líder global na luta contra as mudanças climáticas. O país tem um grande potencial para gerar energia limpa, com destaque para as fontes solar e eólica. Além disso, possui uma vasta extensão de florestas nativas, que desempenham um papel fundamental na captura de carbono da atmosfera.
Para aproveitar essa ocasião, o Brasil precisa avançar na implementação de políticas públicas que incentivem a transição energética e a preservação ambiental. Também é importante fortalecer o diálogo com outros países para promover parcerias e ações conjuntas.
O governo federal já tem dado alguns passos nessa direção. Em 2022, o Brasil anunciou o compromisso de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050. Além disso, o país tem investido no desenvolvimento de novas tecnologias de energia limpa e na proteção das florestas.
No evento realizado nesta quinta-feira (9), em São Paulo, a diretora de Clima do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Liliam Beatris Chagas, e o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Muni Lourenço, subiram ao palco para um painel mediado pelo diretor de conteúdo do Canal Rural, Giovani Ferreira, com o tema “O que o Brasil vai levar para a COP 28?”.
Chagas explicou que a COP é uma reunião de negociação para conferência das partes de um acordo internacional. Sob essa perspectiva, a palestrante disse que o evento serve como espaço para o diálogo e compartilhamento de conhecimento, para que as partes possam enfrentar as mudanças do clima com ações coletivas.
Em relação às negociações, a diretora de Clima do MRE destacou o Regime Internacional para o combate à mudança do clima (UNFCCC), que é composto por 3 acordos principais: a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (1992), o Protocolo de Quito (1997) e o Acordo de Paris (2015).
De acordo com a palestrante, a COP se tornou o principal evento da ONU – tendo expectativa de receber até 70 mil pessoas nesta edição. No painel, Chagas detalhou sobre o funcionamento do evento, alternando entre o espaço de negociações e agendas de ação para temas específicos. De forma, se tornar viável a discussão em paralelo sobre assuntos de interesses, que podem ser diferentes do que é tratado nas salas de negociação.
“Nosso foco estará nas negociações, porque é ali que vão ser adotados os compromissos. A agenda de ação também é muito importante, porque ela tira o foco dos governos e coloca nos setores privado, acadêmico e científico”, explicou a representante do MRE.
Lourenço, por sua vez, reforçou a confiança da CNA sobre a capacidade de diálogo e articulação da equipe do Itamaraty que irá à COP 28 para defender os interesses do Brasil. Em seguida, o palestrante se aprofundou em detalhes do que o Brasil levará ao evento, com a participação da CNA. Ele apresentou um cronograma de palestras que será conduzido no dia do dedicado ao setor agropecuário (10 de dezembro) na COP. A programação no estande da CNA tratará de segurança alimentar, transição energética e mercado de carbono, enquanto as negociações girarão em torno de financiamento, transparência, adaptação e agricultura.