De acordo com o último boletim da Embrapa Gado de Leite, no primeiro trimestre de 2023, a oferta nos principais exportadores tem apresentado um pequeno crescimento.
Estados Unidos e União Europeia registram aumento na produção da leite desde agosto de 2022, mas a demanda continua tímida, com importações chinesas mais fracas, o que mantém os preços dos lácteos em baixa.
No mercado brasileiro, o cenário econômico e de consumo de lácteos continua fraco.
Após um crescimento de 2,9% do PIB em 2022, a mediana das projeções dos agentes econômicos indica apenas 0,91% de crescimento do PIB em 2023.
Os preços dos lácteos ao consumidor têm ficado acima da inflação, inibindo o consumo.
Além disso, os indicadores do mercado de trabalho têm registrado desaceleração, com queda no número de ocupados pelo terceiro mês consecutivo.
O volume de vendas no varejo em janeiro e fevereiro caiu em torno de 7% e 8% na comparação anual, respectivamente.
Do lado da oferta, a preocupação se volta para as elevadas importações, que têm gerado pressões baixistas nos preços.
Nos três primeiros meses do ano, o volume de importações fechou em 506 milhões de litros de leite, e em março foram importados 203 milhões de litros, o que representa cerca de 10% da produção inspecionada do Brasil.
Por outro lado, a sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, com os meses de abril, maio e junho sendo aqueles de menor produção de leite, o que acabou refletindo nos preços neste momento.
Nos últimos trinta dias, observa-se valorização no mercado atacadista e no mercado Spot.
O leite UHT registrou alta de 10% nos últimos quinze dias finalizados em 11 de abril, e no mercado de queijo muçarela, houve elevação de 4,6% no mesmo período.
O leite no mercado Spot também reagiu, subindo 8,4% em Minas Gerais, na primeira quinzena de abril ante a segunda de março, de acordo com levantamentos do Cepea. A entressafra deu fôlego para a alta recente dos preços de leite e derivados, e o custo de produção tem ficado relativamente mais estável.
O momento ainda é de incerteza, com complicações no cenário econômico global e preços internacionais dos lácteos mais baixos. Internamente, a valorização do real frente ao dólar e maior competitividade do produto importado podem colocar dúvidas sobre a sustentação dos preços no mercado brasileiro, sobretudo a partir de julho/agosto, quando a produção doméstica começa.