O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) publicou, na quinta-feira (22), nota com projeções para o setor agropecuário em 2022 e 2023.
A principal novidade do estudo foi a divulgação do crescimento esperado do PIB do setor agropecuário no próximo ano, da ordem de 10,9%.
Esse crescimento deverá ser puxado pela alta de 13,4% na produção vegetal (com previsão de expressivas altas esperadas pela Companhia Nacional de Abastecimento para as produções de soja e milho) e de 2,6% na produção animal (em função do bom desempenho na produção de bovinos e de suínos).
Apesar da expectativa de que 2023 seja um ano muito positivo para o setor, o estudo ressalta que será necessário que as janelas de plantio e colheita ocorram em períodos adequados e não haja problemas climáticos muito graves.
Ou seja, a elevada alta no VA do setor agropecuário está condicionada a um cenário de normalidade climática para a safra de 2022/2023.
O estudo também reviu a previsão para 2022, que era de crescimento nulo (conforme consta na Carta de Conjuntura nº 55, publicada em junho passado), e foi ajustada para queda de 1,7%, devido à piora da projeção de produção da cana-de-açúcar, que passou de alta de 19,2% para 3,4%, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A projeção do VA da produção vegetal foi revisada de redução de 0,9% para uma queda de 3,0%, em relação ao ano anterior. A nova estimativa para a produção animal é de crescimento de 4,1%, ante previsão de alta de 2,9%.
A revisão do recuo de 0,9% para uma queda de 3,0% no VA da produção vegetal foi motivada pela piora significativa da estimativa de produção da cana-de-açúcar e a previsão menos otimista para a produção de milho, cujo crescimento da produção, antes estimado pelo IBGE em 27,6%, foi revisto para 25,2%, ao passo que a estimativa de crescimento na área plantada foi ampliada, saindo de 8,5% para 9,8%.
Entre os produtos com peso elevado no VA, o café foi o único que contribuiu para aliviar os impactos negativos das revisões de resultados esperados nas principais culturas – sua produção deve crescer 9,6% em 2022.
A produção animal foi revista para cima graças ao bom desempenho na produção de suínos, cuja previsão de alta agora é de 6,6%.
Bovinos e aves também devem apresentar bom desempenho, com altas de 4,5% e 2,1%, respectivamente.
A produção de suínos tem sido o principal destaque e manteve crescimento interanual acima de 6% no segundo trimestre.
A produção de bovinos também avançou nos dois primeiros trimestres de 2022, por conta do manejo do rebanho e o aumento do abate de fêmeas, e conta com alta acumulada de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O ano também está favorável para a produção de aves, que cresceu 1,8% no acumulado do ano até junho.
A produção de leite, que recuou 7,6% na comparação interanual do segundo trimestre, está na contramão do bom desempenho geral da produção animal.
Mesmo com esse resultado melhor que o do primeiro trimestre de 2022, o ano tem sido muito negativo e a queda acumulada no primeiro semestre é de 8,8%.
Sendo assim, a nova estimativa para a produção de leite em 2022 é de um recuo de 6,4%.
Para 2022, os pesquisadores apontam como principal risco uma nova revisão para baixo na produção de cana-de-açúcar, cultura que possui o terceiro maior peso na produção vegetal, uma vez que culturas importantes (como milho, café e algodão) estão se encaminhando para o encerramento da colheita.
Mas o trigo, cuja produção está com alta acima da que foi prevista na última divulgação do LSPA (+ 24,1%), pode surpreender positivamente ainda em 2022, considerando a forte expansão da área plantada (+9,0%). Caso isso ocorra, espera-se uma melhora no desempenho da produção agrícola nos últimos dois trimestres do ano.